GUERRA

ONU pede cessar-fogo 'imediato' na guerra em Gaza, que já deixa mais de 35 mil mortos

A guerra eclodiu em 7 de outubro com um ataque de milicianos islamistas que deixou 1.170 mortos, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses

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AFP

Publicado em 12/05/2024 às 16:12
Notícia

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu neste domingo (12) um cessar-fogo "imediato" na Faixa de Gaza, território que o Exército israelense continua bombardeando após sete meses de guerra que, segundo o Hamas, deixaram mais de 35.000 mortos.

Equipes da AFP e testemunhas relataram novos bombardeios israelenses em vários pontos de Gaza, incluindo Rafah, no extremo sul, onde as tropas de Israel preparam uma grande ofensiva terrestre.

Pelo menos 63 pessoas morreram nas últimas 24 horas em Gaza, de acordo com o Ministério da Saúde do território, governado pelo Hamas desde 2007. Um hospital relatou ter recebido 18 corpos nas últimas 24 horas.

"Reitero o meu apelo, o apelo de todo o mundo para um cessar-fogo humanitário imediato, para a libertação incondicional de todos os reféns e para um aumento imediato da ajuda humanitária", declarou Guterres em discurso em vídeo em uma conferência internacional de doadores no Kuwait.

"Mas um cessar-fogo será apenas o começo. Será um longo caminho para se recuperar da devastação e do trauma desta guerra", acrescentou durante o evento, no qual doadores se comprometeram a destinar mais de 2 bilhões de dólares (10,3 bilhões de reais) em dois anos para operações humanitárias em Gaza.

A ONU alertou que a ajuda humanitária está bloqueada desde que as tropas israelenses entraram no leste de Rafah na segunda-feira e tomaram a passagem da fronteira com o Egito, fechando uma entrada vital a este território ameaçado pela fome.

Segundo o porta-voz da autoridade dos postos fronteiriços de Gaza, Hicham Adwan, "os veículos militares israelenses avançaram desde a fronteira (...) e entraram cerca de 2,5 quilômetros".

OPERAÇÕES "SELETIVAS"

O Exército israelense afirmou que suas tropas continuam realizando operações "seletivas" no leste de Rafah e que "dez terroristas do Hamas foram neutralizados lá". Israel insiste na necessidade de lançar uma operação nessa cidade, onde estão concentrados 1,4 milhão de pessoas, a maioria deslocada pela guerra, por considerar que a região abriga os últimos redutos do grupo islamista.

No sábado, o Exército israelense indicou que cerca de 300.000 palestinos deixaram os bairros no leste de Rafah desde segunda-feira, após uma ordem de retirada. Acrescentou ainda que estes locais eram "cenário de atividades terroristas do Hamas".

o alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, estimou que uma ofensiva israelense de grande escala em Rafah violaria o "direito humanitário internacional".

O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, disse no canal NBC que essa operação provocaria "caos" e "anarquia", "sem resolver, no entanto, o problema", já que "continuará havendo milhares de membros armados do Hamas".

Os Estados Unidos, principal aliado de Israel, advertiram nesta semana que deixarão de fornecer algumas armas caso os israelenses lancem uma ofensiva de grande escala em Rafah.

"A situação é cada vez mais perigosa e os bombardeios estão cada vez mais próximos. Não sabemos para onde ir. Não há nenhum lugar seguro", disse à AFP Farid Abou Eid, um deslocado em Rafah.

As forças israelenses também emitiram ordens de retirada para Jabaliya e Beit Lahia, no norte da Faixa de Gaza, onde dizem que o Hamas está "tentando se reconstruir", e relataram uma "grande operação no distrito de Zeitun", na Cidade de Gaza.

ECLOSÃO DA GUERRA

A guerra eclodiu em 7 de outubro com um ataque de milicianos islamistas que deixou 1.170 mortos, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.

Após uma troca de reféns por prisioneiros palestinos durante uma trégua de uma semana em novembro, as autoridades israelenses estimam que 128 permanecem em Gaza, embora acreditem que 36 morreram.

A ofensiva de Israel em resposta deixou até o momento 35.034 mortos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas.

Neste domingo, o movimento islamista acusou em nota o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de atacar Rafah para "arruinar" as negociações sobre uma trégua e a libertação dos reféns israelenses retidos em Gaza.

O grupo também condenou as declarações do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que afirmou no sábado que um cessar-fogo seria possível "amanhã" (domingo) se o Hamas libertasse os reféns.

"Consideramos isso um revés em relação aos resultados da última rodada de negociações", declarou o Hamas, que na segunda-feira aceitou uma proposta de trégua apresentada pelo Catar e o Egito, países mediadores junto aos Estados Unidos, mas que Israel disse que estava "distante de suas exigências".


 

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