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Campanha de Macron contra 'extremos' ameaça rachar direita na França

Macron fez referência à proposta do presidente do partido conservador Os Republicanos de estabelecer uma aliança com a legenda de extrema direita RN

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AFP

Publicado em 12/06/2024 às 19:36
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O presidente Emmanuel Macron pediu, nesta quarta-feira (12), a união de todos os que dizem "não aos extremos", no momento em que o principal partido conservador da França excluiu seu líder, que havia sinalizado a possibilidade de se aliar à extrema direita nas eleições legislativas antecipadas.

"As coisas são simples. Hoje temos alianças não naturais nos dois extremos" do espectro político, disse o presidente centrista em uma entrevista coletiva, três dias depois do inesperado anúncio da antecipação das eleições para o final de junho.

Macron fez referência à proposta do presidente do partido conservador Os Republicanos (LR), Éric Ciotti, de estabelecer uma aliança com a legenda de extrema direita Reagrupamento Nacional (RN), uma possibilidade rejeitada pela maioria dos líderes do LR e que levou à exclusão de Ciotti da formação nesta quarta-feira.

Mas também criticou o acordo entre socialistas, comunistas, ecologistas e o partido A França Insubmissa (LFI, esquerda radical) de criar uma "nova frente popular", apesar de a aliança anterior, conhecida como Nupes, ter naufragado devido às divergências entre a ala social-democrata e a ala mais radical do grupo.

"Quando chegar o momento, antes ou depois (das eleições), desejo a união dos homens e mulheres de boa vontade que terão sido capazes de dizer não aos extremos", declarou Macron, que defendeu que sua aliança de centro dialogue com outros partidos.

GOVERNO MACRON

Macron chegou à Presidência em 2017 com uma linha de centro, atraindo os descontentes com a tradicional alternância entre socialistas e conservadores. Na reeleição de 2022, ele já se apresentou como a alternativa aos "extremos".

O governo Macron deseja atrair especialmente as pessoas insatisfeitas no Partido Socialista com a formação de uma frente unida com a LFI, legenda que Macron chamou de "antissemita" e "antiparlamentar", assim como os conservadores do LR que rejeitam o "pacto com o diabo" da extrema direita.

Ao falar sobre a decisão de convocar eleições antecipadas, que vários analistas consideram uma "aposta arriscada", Macron explicou que é um "movimento de esclarecimento" político para "evitar dar as chaves do poder à extrema direita" em 2027.

O presidente admitiu a "responsabilidade" no fracasso de sua aliança nas eleições europeias, que atribuiu ao fato de seu governo não ter apresentado "respostas" suficientes às "preocupações" dos cidadãos, como no mundo rural ou no acesso dos jovens à moradia.

Mas insistiu em seu programa de governo, baseado na "autoridade" e no controle das finanças públicas, defendeu a medida pra proibir os telefones celulares aos menores de 11 anos e o acesso às redes sociais antes dos 15 anos, e confirmou que seu primeiro-ministro, Gabriel Attal, vai liderar a campanha de sua aliança.

 OPOSIÇÃO

Por sua vez, a oposição de direita está afundada em uma profunda crise.

O partido Os Republicanos excluiu nesta quarta-feira seu presidente, Éric Ciotti, por ter proposto uma aliança com a extrema direita.

Uma decisão tomada por "unanimidade" pelo comitê político do LR, segundo a formação, mas que foi imediatamente descartada por Ciotti. "Eu sou e sigo sendo o presidente" do partido, garantiu na rede social X, advertindo que sua expulsão poderia ter "consequências penais".

As autoridades do LR encarregaram Annie Genevard e ao deputado François-Xavier Bellamy de cuidarem da governança do partido.

Além disso, o partido decidiu incluir todos os seus deputados que estão deixando seus cargos na disputa às eleições legislativas antecipadas, exceto Ciotti e a deputada Christelle D'Intorni, que também é a favor de uma aliança com os extremistas.

"Haverá um candidato LR contra Éric Ciotti em sua circunscrição", explicou o líder dos deputados de Os Republicanos, Olivier Marleix, ao final de uma comissão nacional de posse.

A ascensão do partido de extrema direita Rassemblement National (Reagrupamento Nacional, RN) também ameaça implodir o movimento Reconquête! (Reconquista!) de Éric Zemmour, outro representante deste mesmo espectro político.

Marion Maréchal, cabeça de chapa do Reconquête! nas eleições europeias, pediu apoio aos candidatos da aliança entre Ciotti e RN, opondo-se diretamente a Zemmour, que a excluiu do partido pela "traição".

As eleições legislativas, em dois turnos, acontecerão em 30 de junho e 7 de julho.

A antecipação das eleições não afeta Macron, que continuará como presidente até 2027, mas ele corre o risco de ter que compartilhar o poder com um governo de outra tendência política na parte final de seu segundo e último mandato, em uma "coabitação".

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