Um imbatível Trump sobrevive a atentado, escapa de julgamento e impulsiona mercados

"Eu poderia estar morto!", disse o ex-presidente republicano, depois que no sábado um atirador tentou assassiná-lo com um rifle durante comício

Publicado em 15/07/2024 às 19:30

Seria Donald Trump à prova de bala? Ele sobreviveu a um ataque contra sua vida, acaba de se livrar de um de tantos processos judiciais, foi nomeado candidato presidencial e os mercados apostam e lucram, prevendo sua vitória. Ele se livrou de dois processos de impeachment e é o único ex-presidente condenado penalmente por falsificação de documentos contábeis. Apesar de seu barco parecer afundar, esse magnata de 78 anos se manteve à tona.

Imerso em polêmicas, alguns líderes mundiais o consideraram um perigo para a estabilidade e contra a luta para conter a mudança climática.

Ainda assim, diversas pesquisas preveem que ele será o vencedor das eleições presidenciais de novembro, quando deverá enfrentar o democrata Joe Biden.

Nesta segunda-feira (15), 50 mil participantes da Convenção Nacional Republicana em Milwaukee o proclamaram oficialmente como seu candidato presidencial.

"Parece que está em uma boa sequência", disse à AFP um representante do Texas na convenção, Orlando Dona, que usa um chapéu de cowboy.

Dona, de 64 anos, acredita, como muitos dos apoiadores do ex-presidente, que os diversos casos contra Trump têm motivações políticas e que ele está conseguindo se livrar de todos.

Ajuda divina 


"Eu poderia estar morto!", disse o ex-presidente republicano, depois que no sábado um atirador tentou assassiná-lo com um rifle, durante um comício ao ar livre em Butler, Pensilvânia.

Trump contou que girou a cabeça para ler um gráfico e evitou sem querer que o tiro o atingisse diretamente. Apenas a orelha direita ficou ferida. Segundo ele, foi Deus quem o salvou.

E, de fato, Scott Walker, ex-governador de Wisconsin e candidato nas primárias republicanas de 2016, acredita que "a mão de Deus" salvou Trump.

Seu discurso 

O magnata tem evitado diversos problemas, graças à sua sorte, astúcia ou seus advogados. Desde se livrar do serviço militar obrigatório para a guerra do Vietnã em 1968 até o pagamento do imposto de renda em 2020.

Ele foi acusado de complacência com pequenos grupos de extrema direita, incluindo membros do Ku Klux Klan, envolvidos na violência em agosto de 2017.

Teve expressões pejorativas contra o Haiti e contra países da África e referiu-se aos imigrantes da América Latina como "estupradores" e "bad hombres" ("caras maus").

Até mesmo o movimento #MeToo, que precipitou a queda de dezenas de homens poderosos, não conseguiu derrubar Trump, apesar das múltiplas acusações de abuso sexual, uma condenação em um julgamento civil em 2023 pela agressão sexual à escritora E. Jean Carroll e um suposto romance extraconjugal com a atriz pornô Stormy Daniels.

E apesar de um vídeo publicado pelo Washington Post em 7 de outubro de 2016, no qual Donald Trump faz comentários extremamente degradantes sobre as mulheres, que lhe valeu perder apoio de líderes de seu partido, ele ganhou as eleições um mês depois.

"O arco da história"

E agora parece que Trump conseguirá outro milagre, evitando três dos quatro processos que enfrentava antes das eleições. Nesta segunda-feira, a justiça anulou o caso aberto contra ele por má gestão de documentos sigilosos após deixar a presidência em 2021.

Enquanto seus apoiadores o aguardavam, os mercados pareciam celebrar nesta segunda-feira sua sobrevivência e apostavam em sua vitória.

O Bitcoin valorizava 10%, a 63.270, seu maior nível em duas semanas, enquanto sua companhia, Trump Media & Technology Group, ganhava 32% em Wall Street.

"Se a história dos últimos 18 meses nos ensina algo, é que muitos obstáculos foram colocados no caminho do presidente Trump e o fato de ele os ter superado...", refletiu o empresário e ex-candidato presidencial republicano Vivek Ramaswamy.

"Parte do que me dá fé neste país é que, como disse Martin Luther King, o arco da história é longo, mas se inclina em direção à justiça. E acredito que é exatamente isso que está acontecendo com o presidente Trump", acrescentou.

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