Venezuela: atos são reprimidos pela polícia, e oposição denuncia sequestro de líder

O chefe do Ministério Público da Venezuela, Tarek William Saab, qualificou parte dos atos da oposição como terrorismo, para justificar repressão

Publicado em 30/07/2024 às 21:20

O Ministério Público (MP) da Venezuela afirmou nesta terça-feira (30) que sedes do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), estátuas e outras instituições públicas, como prefeituras e sedes do PSUV (partido do governo), foram atacadas e vandalizadas por grupos insatisfeitos com o resultado eleitoral que deu vitória ao presidente Nicolás Maduro. Dados do MP mostram que os confrontos teriam causado a prisão de 749 pessoas. Líderes opositores criticam as ações e denunciam inclusive sequestros.

O chefe do Ministério Público da Venezuela, Tarek William Saab, qualificou parte dos atos da oposição como terrorismo. “Na Venezuela não há protestos. Há focos de pessoas delitivas, armadas, para agredir e criar um caos para que escale [a violência] à nível nacional para que haja uma intervenção estrangeira”, afirmou.

Entretanto, o Alto Comissário das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos, Volker Türk, demonstrou preocupação. "Centenas de pessoas foram presas, incluindo crianças. Isso me incomoda profundamente. Estou alarmado com relatos de uso desproporcional de força por agentes da lei, juntamente com violência por indivíduos armados apoiando o governo, conhecidos como coletivos. Vários manifestantes foram feridos por armas de fogo, com uma morte confirmada em 29 de julho”, disse o representante da ONU, em nota.

O partido venezuelano Voluntad Popular denunciou que o líder opositor Freddy Superlano teria sido “sequestrado” nesta terça-feira. “Alertamos a comunidade internacional sobre uma escalada repressiva da ditadura de Nicolás Maduro contra os ativistas da causa democrática, que exigem pacificamente a publicação dos resultados eleitorais que dão ao nosso presidente eleito Edmundo González o título de esmagador vencedor”, afirmou a sigla em postagem do partido no X.

REUNIÃO DA OEA

A Organização dos Estados Americanos (OEA) denunciou, nesta terça-feira (30), que as eleições presidenciais de domingo na Venezuela, nas quais o presidente Nicolás Maduro foi declarado vencedor, sofreram "a mais aberrante manipulação", em um comunicado do gabinete do seu secretário-geral, Luis Almagro.

"Ao longo de todo este processo eleitoral vimos a aplicação pelo regime venezuelano do seu esquema repressivo complementado por ações destinadas a distorcer completamente o resultado eleitoral, colocando esse resultado à disposição da manipulação mais aberrante", afirma o texto.

 

 

 

Tags

Autor