Padilha diz que Brasil vai continuar exigindo apresentação das atas das eleições na Venezuela

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou que o governo Lula seguirá exigindo a apresentação das atas eleitorais da Venezuela

Publicado em 31/07/2024 às 15:36 | Atualizado em 31/07/2024 às 15:43

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai continuar exigindo a apresentação das atas eleitorais do pleito presidencial na Venezuela, que ocorreu no último domingo, 28, marcada por suspeita de fraude. Padilha defendeu o posicionamento do chefe do Executivo feito na terça, 30, e disse que o Brasil quer ter a melhor relação possível com todos os nossos países vizinhos.

"Nós vamos nos posicionar sobre processo eleitoral quando as atas forem apresentadas. Vamos continuar exigindo essa apresentação para qualquer tipo de posicionamento", afirmou Padilha em entrevista nesta quarta-feira, 31, ao canal ICL.

Busca por transparência

O ministro afirmou que "o que a gente mais quer" é que não se tenha conflito na Venezuela para que o país possa se desenvolver e, então, fortalecer a América Latina. "Nossos vizinhos se desenvolvendo, significa geração de emprego", pontuou.

Na terça-feira, Lula disse que a "briga" entre chavismo e oposição na Venezuela é "normal", e que seria resolvida apresentando as atas das urnas. O órgão eleitoral, dominado pelo chavismo, declarou o chefe do regime, Nicolás Maduro, reeleito. A oposição, contudo, afirma que houve uma fraude.

"Como vai resolver essa briga? Apresenta a ata. Se a ata tiver dúvida entre oposição e situação, a oposição entra com recurso e vai esperar na Justiça andar o processo. E aí vai ter uma decisão, que a gente tem que acatar. Estou convencido de que é um processo normal, tranquilo", disse o presidente brasileiro na terça, em entrevista à TV Centro América, filiada da Globo no Mato Grosso. "O que precisa é que as pessoas que não concordam tenham o direito de se expressar, tenham o direito de provar que não concordam. E o governo tenha direito de provar que está certo", complementou.

Padilha minimizou as declarações do chefe do Executivo. "Quando Lula fala que teve um processo normal, tranquilo, foi em relação ao processo e votação", disse. Segundo ele, a maior preocupação do governo "é a pacificação e tranquilidade do povo da Venezuela".

Participação eleitoral e postura internacional

Em uma tentativa de driblar a repercussão negativa da declaração do presidente, o ministro afirmou que a postura adotada pelo chefe do Executivo brasileiro até o momento foi "decisiva" para a participação eleitoral no pleito da Venezuela, que contou com candidatos de oposição.

"A preocupação do presidente Lula é ter uma postura como país. Tem uma articulação muito importante com a Colômbia e com México e com próprio Estados Unidos para garantir redução de conflitos, estabilidade naquele país, porque é bom para aquele país e melhor ainda para o Brasil", disse.

Repercussão dentro do PT

Na segunda-feira, 29, antes do pronunciamento de Lula sobre o processo eleitoral venezuelano, o Partido dos Trabalhadores (PT), legenda do chefe do Executivo, divulgou nota exaltando as eleições no país vizinho. Na publicação, feita no site do partido e assinada pela Executiva Nacional da legenda, a sigla chamou o ditador de "presidente Nicolás Maduro, agora reeleito" e defendeu que ele "continue o diálogo com a oposição".

Padilha também minimizou a nota do partido e reforçou as divergências internas na sigla. "Dentro do PT, não tem consenso nem quando tem eleição interna", brincou, ressaltando a autonomia do partido. "Os dirigentes partidários, acho que são posições partidárias - e é normal que tenham."

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