Irã rejeita apelo de países ocidentais para abandonar ameaças a Israel

EUA, que reforçou nos últimos dias sua presença militar no Oriente Médio, prevê "uma série de ataques" por parte do Irã e de seus aliados esta semana

Publicado em 13/08/2024 às 21:40

O Irã rejeitou nesta terça-feira (13) os apelos dos países ocidentais para que abandone as ameaças a Israel e ressaltou que não pede "autorização" para responder ao seu inimigo, que acusa de ter assassinado o líder do Hamas Ismail Haniyeh em seu território.

Os governos de Estados Unidos, França, Reino Unido, Itália e Alemanha pediram ontem ao Irã que "renuncie a suas ameaças contínuas de ataque militar contra Israel".

A Casa Branca alertou que um ataque iraniano "poderia ter um impacto nas negociações", previstas para quinta-feira, sobre um cessar-fogo na guerra em Gaza, que começou em outubro com o ataque do movimento islamista palestino Hamas contra Israel.

O Irã e seus aliados regionais no Líbano, Iraque e Iêmen prometeram responder aos assassinatos, em 31 de julho na capital iraniana, do líder do Hamas, que atribuem a Israel, e de Fuad Shukr, comandante militar do Hezbollah libanês pró-Irã, que morreu um dia antes em um bombardeio em Beirute, este sim reivindicado por Israel.

"A República Islâmica está determinada a defender sua soberania [...] e não pede a autorização de ninguém para usar seus direitos legítimos", afirmou Nasser Kanani, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã.

EUA prevê ataques 'esta semana'

"O Irã nunca se submeterá à pressão", declarou na segunda-feira o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian.

O governo dos Estados Unidos, que reforçou nos últimos dias sua presença militar no Oriente Médio, prevê "uma série de ataques" por parte do Irã e de seus aliados esta semana.

O presidente americano, Joe Biden, e os líderes de França, Alemanha, Itália e Reino Unido alertaram para "as graves consequências" de um ataque para a segurança regional.

O receio de uma conflagração regional levou muitas companhias aéreas a suspender voos para vários países do Oriente Médio.

A pressão internacional também aumenta para o alcance de uma trégua em Gaza, que permita a libertação dos reféns israelenses sequestrados pelo Hamas e um alívio para os 2,4 milhões de habitantes do território palestino, que enfrenta uma catástrofe humanitária.

Um bombardeio israelense matou na terça-feira dez membros de uma família no leste de Khan Yunis, cidade no sul da Faixa, disse um funcionário médico à AFP. Apenas um bebê de três meses sobreviveu.

O braço armado do Hamas, as Brigadas Ezzedine al Qassam, anunciou que disparou dois foguetes contra Tel Aviv e seus subúrbios, pela primeira vez em mais de dois meses. O Exército israelense indicou que um deles caiu no mar.

O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, em visita a uma base no norte de Israel, na fronteira com o Líbano, disse na terça-feira que trabalha "para eliminar as ameaças, preparar as eventualidades e estar em condições de atacar onde decidirmos".

Na terça-feira, o Ministério da Saúde libanês anunciou um ataque com drone israelense que causou duas mortes no sul do país. O Hezbollah afirmou que perdeu dois combatentes por disparos israelenses.

'Momento vital'

Nesse contexto de tensão, o ministro da Segurança Nacional israelense, o ultradireitista Itamar Ben Gvir, foi alvo de condenações internacionais por liderar uma oração nesta terça-feira com 3.000 judeus na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém Oriental, por ocasião de um feriado judaico.

Os Estados Unidos classificaram de "inaceitável" que Gvir tenha rezado nesse lugar, que os não muçulmanos podem visitar, mas sem orar.

"Não é apenas inaceitável, mas também prejudica o que consideramos um momento vital, pois estamos trabalhando para que um acordo de cessar-fogo possa finalmente se concretizar", declarou o porta-voz do Departamento de Estado, Vedant Patel.

ONU, União Europeia e França denunciaram o que chamaram de "provocação". Várias capitais árabes também protestaram contra o ato de Gvir.

Referindo-se à guerra na Faixa de Gaza, o ministro israelense disse: "Temos que vencer essa guerra, e não ir para conversas em Doha ou no Cairo."

'Sem mais demora'

França, Alemanha e Reino Unido ressaltaram que "não pode haver mais demora" na negociação de um cessar-fogo.

Os países mediadores no conflito (Catar, Egito e Estados Unidos) convocaram as partes beligerantes para novas conversas na quinta-feira (15) e Israel prometeu participar do encontro.

O Hamas, que não respondeu publicamente se comparecerá, pediu no domingo a aplicação do plano em três etapas anunciado por Biden para uma trégua, e não "mais negociações ou a apresentação de novas propostas".

O plano apresentado por Biden, que ele atribuiu a Israel, prevê uma trégua de seis semanas, uma retirada israelense das áreas densamente habitadas de Gaza e uma troca de reféns israelenses por detentos palestinos.

O conflito começou em 7 de outubro com o ataque do Hamas contra o sul de Israel, que matou 1.198 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem baseada em dados oficiais israelenses.

Os milicianos islamistas também sequestraram 251 pessoas. O Exército israelense afirma que 111 permanecem em cativeiro em Gaza, mas que 39 estariam mortos.

Israel prometeu aniquilar o Hamas e iniciou uma campanha militar em Gaza que deixou 39.929 mortos até o momento, segundo o Ministério da Saúde do território governado pelo grupo islamista palestino.

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