Irã dispara mísseis contra Israel em nova escalada de violência

O corpo armado israelense interceptou um grande número de mísseis e afirmou que o Irã disparou cerca de 180 projéteis no ataque contra o país

Publicado em 01/10/2024 às 17:49

Irã disparou, nesta terça-feira (1º), dezenas de mísseis contra Israel, em resposta ao assassinato do chefe do movimento libanês Hezbollah e do líder do grupo islamista palestino Hamas, ambos aliados da República Islâmica, no segundo ataque deste tipo em quase seis meses.

"Esse ataque terá consequências. Temos planos e agiremos no lugar e no momento que decidirmos", reagiu o porta-voz do Exército israelense, Daniel Hagari.

O corpo armado israelense interceptou um grande número de mísseis e afirmou que o Irã disparou cerca de 180 projéteis contra o país.

Os artefatos explosivos eram visíveis por seus rastros luminosos, observaram jornalistas da AFP.

Sirenes de alarme antiaérea soaram em todo o território israelense e dezenas de explosões foram ouvidas sobre Jerusalém. O país fechou seu espaço aéreo durante o ataque, mas o reabriu pouco depois, informaram as autoridades aeroportuárias em um comunicado.

Na região de Tel Aviv, os serviços de emergência relataram dois feridos leves. Na Cisjordânia ocupada, um palestino morreu em Jericó devido a fragmentos de um míssil derrubado, informou o governo municipal à AFP.

Cerca de uma hora após o ataque, o Exército israelense anunciou à população que já podia sair dos abrigos. A força havia instado os cidadãos a permanecerem perto de áreas protegidas diante da ameaça de uma agressão iraniana de "grande alcance".

A Guarda Revolucionária, o exército ideológico do Irã, afirmou que o ataque era uma resposta às mortes do chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, na semana passada, e do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em 31 de julho.

Em um comunicado, os iranianos ameaçaram realizar "ataques devastadores" se Israel responder ao ataque desta terça-feira. Também informaram que miraram "três bases militares ao redor de Tel Aviv" em um outro documento divulgado pela agência Isna.

O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, disse que o ataque de Teerã era "totalmente inaceitável" e instou "o mundo todo" a "condená-lo". O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, pediu, por sua vez, o fim da “espiral de violência" na região.

Israel trava uma guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza em resposta ao ataque do grupo islamista palestino contra o sul de seu território em 7 de outubro de 2023.

O Exército israelense também combate o movimento libanês pró-iraniano Hezbollah, que abriu uma frente contra Israel em apoio ao Hamas.

Incursões terrestres no Líbano

Além dos mísseis iranianos, Tel Aviv também foi abalada nesta terça-feira por um ataque com armas automáticas ocorrido no bairro de Jaffa, o qual deixou seis mortos e nove feridos. O atentado foi realizado por dois indivíduos, que foram "neutralizados", indicou a polícia israelense.

Não é a primeira vez que o Irã ataca diretamente seu arqui-inimigo nos últimos meses. Em 13 de abril, Teerã disparou cerca de 350 drones explosivos e mísseis contra Israel, em resposta a um bombardeio mortal que atribuiu aos israelenses contra o consulado iraniano em Damasco, capital da Síria.

A maioria dos mísseis foi interceptada por Israel com a ajuda de países estrangeiros, principalmente os Estados Unidos.

Um funcionário americano havia advertido nesta terça-feira, em declarações à AFP, que o Irã se preparava para lançar "um ataque iminente com mísseis balísticos contra Israel".

O ataque iraniano ocorreu no mesmo dia em que Israel anunciou operações militares terrestres contra o Hezbollah no sul do Líbano e após uma semana de intensos bombardeios contra o movimento islamista libanês, os quais deixaram centenas de mortos.

Após a agressão desta terça-feira, a agência de notícias libanesa ANI reportou disparos de mísseis contra o sul de Beirute, reduto do Hezbollah. Israel bombardeou a região algumas horas antes, assim como os arredores de Damasco e a Faixa de Gaza.

O alcance da ofensiva israelense no Líbano não ficou claro de imediato, mas a missão de paz da ONU no Líbano afirmou que não se tratava de uma "incursão terrestre", enquanto o Hezbollah desmentiu que soldados israelenses tivessem entrado em território libanês.

Um funcionário da segurança israelense declarou que foram realizadas incursões de alcance limitado para "afastar as ameaças contra as comunidades civis do norte de Israel", que faz fronteira com o sul do Líbano e é alvo dos disparos do Hezbollah.

As autoridades israelenses já haviam avisado anteriormente que, embora tivessem desferido um duro golpe no movimento islamista com o assassinato de seu chefe, Hassan Nasrallah, a batalha ainda não tinha acabado.

Apelos à desescalada

Os apelos internacionais por uma desescalada e para que se evite uma guerra regional se multiplicaram.

Mais de mil pessoas morreram no Líbano desde o recrudescimento da violência, segundo o Ministério da Saúde do país.

Já o Centro de Crises Libanês afirmou, por sua vez, que mais de 240 mil pessoas, tanto sírios quanto libaneses, fugiram para a Síria desde 23 de setembro, quando os bombardeios israelenses contra o Líbano tiveram início.

Por outro lado, Israel prossegue na sua ofensiva contra a Faixa de Gaza, iniciada após o ataque do Hamas em outubro do ano passado, que deixou 1.205 mortos, em sua maioria civis, segundo um levantamento da AFP baseado em cifras oficiais israelenses, embora os bombardeios tenham diminuído nos últimos dias.

A Defesa Civil palestina informou nesta terça-feira que 12 pessoas morreram em um bombardeio no campo de refugiados de Nuseirat, no centro de Gaza, e outras sete em um ataque contra uma escola que abrigava deslocados perto da Cidade de Gaza, no norte.

O Exército israelense, por sua vez, indicou que seus soldados dispararam contra dezenas de suspeitos, que, segundo afirmou, representavam uma ameaça aos militares enquanto eles se dirigiam para uma posição no território palestino.

Até o momento, a ofensiva israelense deixou mais de 41.600 mortos na Faixa de Gaza, em sua maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território palestino.

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