Kamala ataca Trump em meio a polêmica por supostos elogios a Hitler

Candidata democrata questiona a aptidão mental e física de Trump para o cargo de presidente e tenta atrair eleitores republicanos moderados

Publicado em 23/10/2024 às 21:29

A democrata Kamala Harris disse nesta quarta-feira (23) que Donald Trump está "cada vez mais desequilibrado", e o acusou de buscar um "poder sem controle", após supostos elogios que o republicano teria feito a Adolf Hitler há alguns anos.

Os candidatos elevam o tom a 13 dias das eleições, nas quais aparecem empatados nas pesquisas.

"É profundamente preocupante e incrivelmente perigoso que Donald Trump invoque Adolf Hitler, o homem que foi responsável pela morte de 6 milhões de judeus e de centenas de milhares de americanos", afirmou do lado de fora de sua residência em Washington, antes de partir rumo à Pensilvânia para um ato de campanha. "Isso é mais uma prova para o povo americano de quem realmente é Donald Trump."

O ex-presidente "Donald Trump está cada vez mais desequilibrado e instável, e em um segundo mandato, pessoas como John Kelly não estariam lá para serem as salvaguardas contra suas propensões e ações", afirmou Kamala, referindo-se ao ex-chefe de gabinete de Trump, que alertou que o magnata comentou mais de uma vez que o ditador nazista "também fez algumas coisas boas".

"Portanto, a conclusão é esta: sabemos o que Donald Trump quer: ele quer um poder sem controle", opinou Kamala.

Citando declarações de Kelly ao The Atlantic e ao New York Times, Kamala disse que Trump "queria generais como os que Adolf Hitler tinha". "Donald Trump disse isso porque não quer um exército que seja leal à Constituição dos Estados Unidos", considerou. "Ele quer um exército que seja leal a ele."

John Kelly, que também é ex-general dos fuzileiros navais, confirmou ontem que o magnata se encaixa na definição de fascista. "Certamente o ex-presidente está na área da extrema direita, é claro que é um autoritário, admira pessoas que são ditadores, ele mesmo já disse isso. Portanto, sem dúvida, se encaixa na definição geral de fascista, com certeza", declarou.

Desesperada

Kelly também afirmou que Trump "comentou mais de uma vez: 'Você sabe, Hitler também fez algumas coisas boas'".

Kamala, que foi procuradora, fará suas "alegações finais" contra Trump na próxima terça-feira, em Washington, no mesmo local onde o ex-presidente incentivou seus apoiadores antes do ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021, informou um dirigente de sua equipe de campanha.

A equipe de Trump contra-atacou: Kamala "está cada vez mais desesperada, cambaleante, e sua campanha está em ruínas".

"Por isso, ela continua espalhando mentiras e falsidades descaradas que são fáceis de refutar", disse o porta-voz Steven Cheung em comunicado. Mas a Casa Branca se manteve firme em seu apoio a Kelly e Kamala.

Questionada se o presidente Joe Biden concorda com a avaliação de Kelly de que Trump é um fascista, a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, foi clara: "Concordamos com essa constatação? Sim, concordamos."

Outras declarações do republicano sobre a imigração ilegal já lhe renderam comparações com Hitler. Os imigrantes "envenenam o sangue do país", repetiu várias vezes nos últimos meses. Além disso, usou os termos "inimigo interno" e "vermes".

A propaganda nazista referia-se aos judeus como "vermes", entre outros adjetivos degradantes.

Cerca de 23,5 milhões de americanos já votaram antecipadamente por correio ou presencialmente nas eleições presidenciais, que estão bastante acirradas e demonstram um empate técnico.

Empate técnico

É difícil determinar o nível de precisão dessas pesquisas. No passado, elas subestimaram o apoio tanto a Trump quanto aos democratas.

O ex-presidente promete reprimir os imigrantes em situação irregular e ativar uma lei de inimigos estrangeiros de 1798 para deportá-los. Se voltarem, serão condenados a 10 anos de prisão, e à pena de morte se tiverem matado um americano ou policial, repete em seus comícios.

Kamala questiona a aptidão mental e física de Trump para o cargo de presidente e tenta atrair eleitores republicanos moderados. Já o ex-presidente afirma que a democrata "não tem a inteligência nem a força" para liderar os Estados Unidos.

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