Vitória maiúscula de Trump empodera a direita nos EUA e no Brasil
Estudiosos apontam para a fortificação da direita, não só nos EUA, mas também no Brasil, com a vitória do republicano Donald Trump
“Foi uma vitória estrondosa de Trump e uma derrota fragorosa dos democratas” – afirmou esta quarta logo cedo o professor de Ciência Política da FGV, Guilherme Casarões, na Globonews, tão logo ficou confirmado que, além de ganhar no voto Popular e no Colégio Eleitoral – coisa que não conseguiu há oito anos quando enfrentou Hilary Clinton – o novo presidente americano fez maioria na Câmara e no Senado e vai governar com uma Suprema Corte que tem seis dos nove membros de linha conservadora.
O que isso significa?
É um sinal de que o novo presidente, que prometeu, ao falar de sua vitória, fazer tudo o que defendeu em sua campanha, vai ter panos para as mangas se desejar dar uma guinada na política norte-americana e até na economia.
Lembrar que 80% dos seus eleitores, ouvidos em pesquisa, afirmaram que a economia está no caminho errado.
No seu primeiro mandato, Trump não tinham o apoio nem de seu partido que, na época, era, inclusive, minoritário na Câmara dos Deputados. Governou, sobretudo, por decretos.
Mais idoso dos presidentes
Além de presidente mais longevo da história dos Estados Unidos – tem 78 anos – Trump é o primeiro que chega ao poder condenado criminalmente (será sentenciado próximo dia 20).
Negacionista em todos os sentidos, ele pode representar um recuo nas políticas ambientalistas, se afastar mais dos aliados europeus, deixando a Ucrânia ao sabor da ajuda da União Européia, adotar uma linha isolacionista para os Estados Unidos em relação ás questões mais urgentes da humanidade e, se desejar, emponderar a direita não só em seu país como na América Latina, favorecendo Javier Milei, na Argentina, e Jair Bolsonaro no Brasil.
Não foi só o conservadorismo americano que elegeu Donald Trump, segundo os analistas internacionais e nacionais ouvidos durante a apuração e logo depois pelas redes de TV.
Sua vitória está explicada muito mais pelos erros dos democratas na economia elevando a inflação a níveis jamais imaginados. Eleitores disseram isso claramente nas filas de votação.
Pesquisas de boca de urna demonstraram que o eleitor foi votar com dois medos: que os problemas econômicos não fossem resolvidos e que a democracia não fosse preservada.
Democracia x Economia
Quem representava a observância dos valores democráticos no pleito era Kamala Harris. Trump representava a esperança na queda da inflação.
Neste caso, venceu a economia, abalada por um custo de vida altíssimo que afetou sobretudo a classe média urbana onde os democratas têm uma maioria que, pelo visto, perderam nessa eleição.
Os presidentes americanos costumam não se preocupar com a América Latina e com Trump pode acontecer o mesmo mas há uma possibilidade de que ele se alinhe a Javier Milei, emponderando a Argentina, em detrimento do Brasil como principal país do bloco – Milei fez inúmeras postagens no X ao seu lado – e estreitar mais os laços que criou com Jair Bolsonaro cujo filho, Eduardo Bolsonaro, acompanhou de perto, ao lado dos principais assessores do novo presidente, o desenrolar da apuração.
O ex-ministro pernambucano Gilson Machado e seu filho vereador Gilson Filho, se encontravam a menos de 10 metros de Trump, como mostram os vídeos que fizeram, quando ele falou, proclamando sua vitória.