Belém vive mais um Natal ofuscado pela guerra em Gaza
Fiéis se reuniram, nesta terça-feira (24), ao redor da igreja da Natividade, em Belém, para celebrar o Natal, que ainda é marcado pela guerra
No Vaticano, o papa Francisco inaugurou o Ano Santo da Igreja Católica, uma grande peregrinação internacional, na qual são esperados, em 2025, mais de 30 milhões de fiéis de todo o mundo em Roma.
Nesta véspera de Natal, às 19H00 (15H00 de Brasília), na presença de quase 30.000 pessoas e com transmissão para todo o mundo, o jesuíta argentino abriu a Porta Santa da basílica de São Pedro, na Santa Sé, simbolizando o início do Jubileu "ordinário". Em seguida, Francisco celebrará ali a Missa do Galo.
Em Belém, Natal limitado pela ocupação
Enquanto isso, em Belém, na Cisjordânia ocupada, a 10 km de Jerusalém, o prefeito Anton Salman explicou que sua cidade "limitou" a alegria durante as festividades.
"Não montamos uma árvore de Natal (na praça da Manjedoura), nem decoramos as ruas. Queremos mostrar ao mundo que a Palestina continua sofrendo com a ocupação israelense e a injustiça", acrescentou.
Junto deles estava o patriarca latino de Jerusalém, Pierbattista Pizzaballa. "Cheguei ontem de Gaza. Vi tudo o que foi destruído, a pobreza, o desastre. Mas também vi vida. Não se rendem. Assim, vocês tampouco devem se render", disse.
Líderes políticos fazem apelo por paz
Ao se dirigir nesta terça-feira aos cristãos, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, se comprometeu a lutar contra as "forças do mal".
"Vocês se mantiveram ao nosso lado com resistência, constância e força, enquanto Israel defende a nossa civilização", acrescentou Netanyahu, cujo país luta em várias frentes desde o início da guerra em Gaza.
Na Alemanha, o presidente Frank-Walter Steinmeier fez um apelo à unidade e à coesão, fazendo alusão à "sombra" que se projetou sobre as festas, após um atropelamento que deixou cinco mortos e mais de 200 feridos no mercado de Natal de Magdeburgo, no nordeste do país.
Protestos em Damasco
Na Síria, onde o ditador Bashar al Assad foi deposto em 8 de dezembro, as novas autoridades lideradas por islamistas se esforçam para tranquilizar os cristãos em país de maioria sunita.
"Não foi fácil nos reunirmos nas circunstâncias atuais e rezar com alegria, mas graças a Deus conseguimos", suspirou Sarah, que assistiu à missa na catedral síria ortodoxa de São Jorge, na capital.
Nesta terça, foram realizadas várias manifestações em bairros cristãos de Damasco em protesto contra o incêndio de uma árvore de Natal perto de Hama, no centro do país.
"Se não nos deixam viver nossa fé cristã, então não temos mais um lugar aqui", disse à AFP Georges, que preferiu não revelar seu sobrenome.