'Não precisamos deles', diz Trump sobre Brasil. Itamaraty minimiza

"Não precisamos deles. Eles precisam de nós. Todo mundo precisa de nós", disse Trump. Itamaraty diz que ele tem direito de falar o que quiser

Publicado em 21/01/2025 às 22:52
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Durante seus primeiros minutos sentado à mesa do Salão Oval da Casa Branca para um segundo mandato, Donald Trump afirmou que Brasil e América Latina precisam "mais dos EUA do que os EUA precisam deles" e questionou o envolvimento do Brasil em conversas de negociações entre Rússia e Ucrânia.

Ao ser interrogado sobre uma proposta apresentada por China e Brasil, no ano passado, para promover conversas de paz no leste europeu, Trump afirmou: "Isso é bom, é bom. Eu estou pronto", em resposta à jornalista brasileira Raquel Krahenbuhl, correspondente da TV Globo.

Segundos depois, ele questionou "Como o Brasil se envolve nisso? Isso é uma novidade", declarou o presidente, questionando se a repórter era brasileira. Ao receber a resposta positiva, disse: "Ah, é por isso que está envolvida, eu acho."

O plano em questão é um documento divulgado no dia 23 de maio, com nome "Entendimentos Comuns entre o Brasil e a China sobre uma Resolução Política para a Crise na Ucrânia". A proposta foi apresentada após uma visita do assessor para Assuntos Internacionais de Lula, Celso Amorim, a Pequim. Amorim assinou o documento, junto de Wang Yi, chanceler chinês.

O plano é baseado em seis pontos, que afirmam que Moscou e Kiev precisam "desescalar" o conflito, sem expandir as atividades no campo de batalha e criar condições para um cessar-fogo.

O documento foi rechaçado pelo presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, durante a Assembleia-Geral da ONU em setembro, que afirmou Brasil e China deveriam reconhecer a tentativa da Rússia de recuperar um passado colonial em vez de "tentar aumentar a sua própria influência global às custas da Ucrânia".

Relações com a América Latina

Quando questionado sobre sua perspectiva em relação às relações com a América Latina e, especificamente, com o Brasil, Trump respondeu: "Devem ser ótimas. Eles precisam de nós. Muito mais do que nós precisamos deles. Não precisamos deles. Eles precisam de nós. Todo mundo precisa de nós", disse o republicano, sem responder a pergunta da jornalista sobre se pretendia se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Mais cedo nesta segunda-feira, 20, Lula expressou seu desejo de que Trump contribua para "um mundo mais justo e pacífico" e de que os Estados Unidos continuem sendo um "parceiro histórico" do Brasil.

Brasil analisará declarações, diz Itamaraty

A secretária-geral do Ministério das Relações Exteriores, Maria Laura da Rocha, que comanda a pasta temporariamente enquanto o ministro Mauro Vieira está fora, disse nesta terça-feira, 21, que o Brasil vai analisar as declarações do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ele tomou posse na segunda-feira, 20, e disse que os EUA não precisam do Brasil e da América Latina.

"O presidente Trump pode falar o que ele quiser, ele é presidente eleito nos Estados Unidos e nós vamos analisar cada passo das decisões que forem sendo tomadas pelo novo governo. Mas acredito que, como somos um povo que acredita, que tem fé na vida, que tudo vai dar certo sempre. Nós vamos procurar trabalhar não as nossas divergências, mas as nossas convergências, que são muitas", declarou ela.

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