A terceira via definha e eleição caminha mesmo para o embate Lula X Bolsonaro
Mesmo a oito meses das eleições, o desgaste prematuro da terceira via é claro
A última pesquisa de opinião eleitoral divulgada pelo Poder Data, divulgada semana passada, demonstrou que a terceira via – conjunto de presidenciáveis que se coloca como alternativa a polarização Lula x Bolsonaro - definha ao se aproximar do pleito presidencial.
Mesmo a oito meses das eleições, o desgaste prematuro da terceira via é claro: Dória, candidato do outrora grande partido PSDB e que, no auge da pandemia, aparecia como nome forte se opondo a Bolsonaro, aparece nas pesquisas com minguados 2% de intenção de voto. Moro, um pouco melhor que ele, teve 6% de intenção de voto, Eduardo Leite com 3% e Ciro, com 8% (mais bem posicionado entre eles), fecham a lista dos presidenciáveis da terceira via. Juntos, somam 19% das intenções de voto do eleitorado. Longe da coesão, divididos não será a melhor estratégia para rivalizar com Lula ou Bolsonaro.
Com isso, a distância entre os dois principais candidatos ao cargo de Presidente vem diminuindo. Agora, o percentual é de apenas oito pontos de diferença entre Lula e Bolsonaro. A tendência é que isso diminua mais na hipótese de maior desidratação dos candidatos “alternativos”.
Ciro parece não empolgar o eleitorado e chegou no seu máximo. Dória faliu do ponto de vista eleitoral. Moro é um “produto” ruim de vender e Eduardo Leite é pouquíssimo conhecido pelo público em geral e tem dificuldades de alavancar sua candidatura até as eleições.
A maioria do eleitorado é pragmática. Busca maximizar interesses individuais. Otimizar a escolha parece o caminho lógico do eleitorado.
Sem entrar na análise da gestão do atual governo, a economia vai mal para a maioria do eleitorado. A taxa de desemprego está muito alta, como alta é a inflação, o que reflete direto na qualidade de vida do eleitor médio que, em sua maior parte, é de baixa renda.
Por isso, Lula lidera na maioria das faixas de renda e de escolaridade, o que demonstra insatisfação de boa parte do eleitorado com os resultados das políticas de emprego e renda do atual governo. Claro, que isto não quer dizer que a gestão do governo vai mal em todas as áreas, mas parece que a insatisfação em torno da inflação e da taxa alta de desemprego respinga em Bolsonaro e motiva mudanças na escolha do eleitor. O bolso “fala” mais alto!
Já a terceira via parece não atrair o eleitor e não apresenta “gordura” para gastar na competição pelo voto. Até aqui, a competição ao principal cargo da República se dará entre Lula e Bolsonaro. Os candidatos que se mostram como alternativa à polarização precisam rever as suas estratégias eleitorais se quiserem algum sucesso político, sobretudo o ex-juiz Sérgio Moro que demonstra ser um estreante muito tímido e inseguro.
José Maria Nóbrega – cientista político e professor universitário