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Adiar o novo Ensino Médio é retrocesso

O PT, como sempre, não faz e nem deixa fazer. Principalmente, quando a pauta passa por interesses corporativos

MENDONÇA FILHO
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MENDONÇA FILHO
Publicado em 12/03/2022 às 6:18 | Atualizado em 14/03/2022 às 17:41
WELINGTON LIMA/JC IMAGEM
Novo Ensino Médio começa a ser implementado em 2022 - FOTO: WELINGTON LIMA/JC IMAGEM
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O Brasil perdeu mais de 20 anos debatendo a reforma do ensino médio. Enquanto isso, os jovens eram obrigados a conviver com um modelo cada vez mais sem conexão entre a escola e o aluno, resultando em altas taxas de evasão escolar.

Em 2017, entregamos o Novo Ensino Médio ao país, após aprovação pelo Congresso e sanção do presidente Temer. Eis que, após cinco anos de preparação das redes de ensino em todo o país para a implementação do Novo Ensino Médio, tramita na Câmara dos Deputados um projeto da deputada federal, Rosa Neide (PT/MT), com a esdrúxula proposta de adiar para 2024 a sua implantação.

O PT, como sempre, não faz e nem deixa fazer. Principalmente, quando a pauta passa por interesses corporativos. Adiar a implementação do Novo Ensino Médio é um retrocesso. Uma total falta de compromisso com a educação e com o futuro dos nossos jovens. Comprometeria, ainda mais, o futuro de jovens que não podem continuar enredados num sistema de baixa qualidade, com os piores resultados de aprendizagem.

2022 é o ano do novo ensino médio. A Educação brasileira terá a oportunidade de dar um grande passo na caminhada para diminuir a distância entre a escola e o aluno.

As redes de ensino tiveram o prazo de cinco anos para se adequar ao novo modelo de ensino e iniciar a implementação em 2022. As redes de ensino enfrentaram dificuldades de toda ordem para fazer essa adaptação: pandemia, mudanças no direcionamento no Ministério da Educação, disponibilidade de recursos e organização das próprias redes. O que fez com que algumas estejam mais adiantadas e outras mais atrasadas.

Tenho insistido que a desigualdade na implementação é preocupante e exige uma grande mobilização da sociedade para garantir a chegada do Novo Médio a todos os alunos de maneira igual. Mobilização por ações efetivas. Juntar esforços para que todos os estados consigam implementar o novo modelo. Esse é o caminho. O fato é que o PT não fez a reforma do ensino médio, mesmo tendo passado 13 anos no poder, e agora quer atrapalhar.

Como a maioria das redes está iniciando a implementação do novo modelo, não acredito que essa proposta absurda prospere na Câmara dos Deputados. Até porque, está sendo implementado progressivamente.

O cronograma do MEC estabelece que inicie este ano pelo 1º ano do ensino médio. Em 2023, siga com as turmas de segundo ano e, em 2024, complete a implementação com as do terceiro ano.

O Novo Ensino Médio aponta para o futuro: divisão de conteúdo por áreas de conhecimento, itinerário formativo, formação técnica e projeto de vida. Dialoga com o jovem, com suas expectativas de vida, suas vocações e as demandas profissionais do mercado de trabalho. Maior reforma na educação do Brasil, desde a Lei de Diretrizes e Bases, o Novo Médio é urgente e relevante. A sua implementação não pode, sob qualquer pretexto, correr risco.

Mendonça Filho, ex-ministro da Educação e consultor da Fundação Lemann.

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