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Eleições municipais fizeram Bolsonaro entender que o alvo é o centro

"Sedentos pelo poder, os partidos de centro reúnem condições suficientes para, estruturalmente, abrigar potenciais adversários ou robustecer candidaturas de oposição já postas no xadrez da disputa presidencial". Leia a opinião do advogado, analista político e professor universitário Felipe Ferreira Lima

FELIPE FERREIRA LIMA
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FELIPE FERREIRA LIMA
Publicado em 10/02/2021 às 2:00
PEDRO FRANÇA/AGÊNCIA SENADO
ALIADOS Presidente Jair Bolsonaro usou a força do Planalto para eleger Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG) para as presidências da Câmara e do Senado Federal - FOTO: PEDRO FRANÇA/AGÊNCIA SENADO
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No duelo eleitoral sempre largam na frente aqueles que conseguem vislumbrar os adversários com antecedência suficiente para abatê-los, eliminando, pela raiz, obstáculos capazes de diminuir as chances posteriores de conquista ou perpetuação de poder. É a difícil habilidade de se utilizar do tempo para moldar um cenário favorável de disputa no futuro.

O pleito presidencial de 2022 teve seu pontapé inicial com o resultado das eleições municipais, que foi marcado pelo triunfo dos partidos de centro nas capitais e em municípios estrategicamente importantes, revelando uma tendência do eleitorado em fugir da polarização que marcou a última disputa, em 2018.

Tal fato acendeu a luz amarela no Palácio do Planalto, exigindo prévia articulação para atrair o apoio do Centro, sob a nítida ameaça de enfraquecimento das bases de sustentação do palanque governista em 2021. Eis aí a razão que justificou tamanha dedicação do Presidente Bolsonaro nas eleições das Mesas Diretoras da Câmara e do Senado Federal, ambas conquistadas pelo "Centrão" turbinado pela mão amiga do Palácio.

Sedentos pelo poder, os partidos de centro reúnem condições suficientes para, estruturalmente, abrigar potenciais adversários ou robustecer candidaturas de oposição já postas no xadrez da disputa presidencial. Porém, agora, alimentados pelo manto governista, tendem a fechar as portas para compor apoio com nomes como Ciro Gomes, João Dória, Sérgio Moro, Luiz Henrique Mandetta e Luciano Huck, todos colocados como alternativa à polarização.

Nesse caminho, o desejo mais almejado pelos governistas é eliminar candidaturas de equilíbrio, capazes de conquistar eleitores que buscam estabilidade e, assim, impulsionar a reedição de uma disputa entre extremos (da esquerda e da direita) que empurre o eleitorado a ter que novamente optar pelo candidato que menos rejeita.

Felipe Ferreira Lima, advogado, analista político e professor universitário.

 

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