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Covid-19: crise duradoura

"Decorrido um ano da primeira infecção diagnosticada da covid-19 no Brasil, os números sobre a pandemia tornaram-se por demais preocupantes". Leia a opinião de Adeildo Nunes

Adeildo Nunes
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Adeildo Nunes
Publicado em 04/03/2021 às 6:06
GERD ALTMANN/PIXABAY
COVID-19 Uso da terapia em camundongos infectados com SARS-Cov-2 aumentou a sobrevivência dos animais - FOTO: GERD ALTMANN/PIXABAY
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Decorrido um ano da primeira infecção diagnosticada da covid-19 no Brasil, os números sobre a pandemia tornaram-se por demais preocupantes. Mais de 10 milhões de brasileiros já foram infectados pelo vírus, dando causa à morte de cerca de 260 mil pessoas. É como se uma bomba atômica exterminasse toda a população de Caruaru. Nos últimos dois meses, o inimigo invisível deu sinais veementes da sua desastrosa persistência, uma vez que os hospitais públicos e privados, nas médias e grandes cidades, já não dispõem de leitos nas suas Unidades de Tratamento Intensivo (UTI), para o atendimento de pacientes em estado grave. Por outra via, o número de profissionais da saúde (médicos e enfermeiros, principalmente) é insignificante para a quantidade de pessoas que procuram as unidades de saúde públicas e privadas, em busca da cura.

Ao lado de um sistema de saúde deveras despreparado para atender a quantidade crescente de infectados, existe um Ministério da Saúde completamente ineficaz, sem planejamento e totalmente indiferente quanto à contenção dessas mortes, sem contar que o próprio presidente da República combate a máscara, a higiene pessoal, a distância física e a aplicação das vacinas, cientificamente comprovadas como imprescindíveis para atenuar as graves consequências do vírus.

Enquanto as autoridades públicas da Inglaterra anunciaram a previsão da abertura de escolas e de ambientes de lazer para o próximo mês de maio, uma vez que a vacinação da sua população está sendo realizada de forma planejada e eficiente, é triste constatar que a população brasileira é cada vez mais refém das atrocidades humanas que vêm sendo praticadas pela grande maioria das nossas autoridades públicas, desde o início da pandemia.

Sem vacinas, sem leitos hospitalares, sem respiradores suficientes e sem profissionais de saúde, em breve atingiremos o topo no número de mortes pela covid-19 do mundo, ao tempo em que os combustíveis aumentam a cada 15 dias, o dólar atinge os 6 reais, 14 milhões de pessoas estão desempregadas e 66 mil mortes violentas em 2020 foram recordes na história do País, enquanto a responsabilidade por este caos social e desumano é dirigida aos governadores dos Estados e aos prefeitos municipais, embora o Supremo Tribunal Federal, acertadamente, tenha decidido que a União, Estados e Municípios devem dividir as suas atribuições, em obediência à Constituição e ao sistema federativo por ela adotado.

Adeildo Nunes, advogado e professor

  *Os artigos são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do JC 

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