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Há um longo caminho para que, em cada 8 de março, tenha-se o que comemorar.

"Março é o mês internacional da mulher, remontando a 1857 em Nova Iorque, nos EUA, quando 130 tecelãs que lutavam por melhores condições de trabalho sucumbiram ao incêndio da fábrica em que laboravam, depois de ali terem sido trancafiadas, no vão esforço de silenciá-las". Leia a opinião de Gustavo Henrique de Brito Alvres Freire

Gustavo Henrique de Brito Alvres Freire
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Gustavo Henrique de Brito Alvres Freire
Publicado em 13/03/2021 às 6:02
ELZA FIÚZA/AGÊNCIA BRASIL
Em Pernambuco, a Secretaria de Defesa Social (SDS) registrou que 13 cidadãos que se identificam como LGBTQIA+ foram vítimas de Crime Violento Letal Intencional (CVLI) até maio de 2021 - FOTO: ELZA FIÚZA/AGÊNCIA BRASIL
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Março é o mês internacional da mulher, remontando a 1857 em Nova Iorque, nos EUA, quando 130 tecelãs que lutavam por melhores condições de trabalho sucumbiram ao incêndio da fábrica em que laboravam, depois de ali terem sido trancafiadas, no vão esforço de silenciá-las. Não se conseguiu essa mordaça, como a história ensina.

No Brasil, contudo, país recordista em feminicídios, só no primeiro semestre de 2020, houve 648 casos, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, um incremento da ordem de quase 2%.

Quem não lembra do caso da Juíza morta com 16 facadas, 10 das quais no rosto, pelo ex-marido, na frente das filhas, na véspera do último Natal? Não foi somente ela. Houve diversos outros crimes de ódio na mesma época.

No período inicial mais duro da pandemia da covid-19, entre março e abril, também em 2020, em São Paulo, o número de mulheres assassinadas por companheiros ou ex-companheiros subiu 41,4% comparando com os mesmos meses de 2019. É uma guerra campal.

Que resposta foi dada por quem tem o dever de combater essa vergonha em maior amplitude? Do atual mandatário da República já se escutou que ter uma filha mulher foi um momento de fraqueza. Ainda assim, não importa o quanto o vento sopre: a montanha jamais se curvará diante dele. É crucial fazer do medo do hesitante o encorajamento do empoderado.

Há um longo caminho à frente para que, em cada 8 de março, tenha-se o que comemorar. Termino, junto com essa certeza, citando Maya Angelou: "Toda vez que uma mulher se defende, sem nem perceber que isso é possível, sem qualquer pretensão, ela defende todas as mulheres".

E ao fazê-lo, esperançoso como nunca, dedico este artigo à minha filha Sophia. Seja também você, filha, a prova viva e o reflexo de que esse novo tempo está cada vez mais perto.

Gustavo Henrique de Brito Alvres Freire, advogado

  *Os artigos são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do JC

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