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A escola faz falta?

"Em meio às incertezas do momento atual, uma certeza se impôs na pandemia da covid-19. A escola faz muita falta". Leia a opinião de Mendonça Filho

Mendonça Filho
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Mendonça Filho
Publicado em 13/03/2021 às 6:01
ALEX OLIVEIRA/ JC IMAGEM
Pela proposta, aulas presenciais só poderão ser suspensas em situações excepcionais, com base em critérios técnicos - FOTO: ALEX OLIVEIRA/ JC IMAGEM
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Em meio às incertezas do momento atual, uma certeza se impôs na pandemia da c ovid-19. A escola faz muita falta. Faz falta o pulsar do ambiente escolar: o contato físico, o afeto, o professor, o ensino presente, a rotina, o barulho de estudantes em formação. Impactos psicossociais, perdas na aprendizagem, abandono escolar e o aumento das desigualdades reafirmaram a importância da escola. No Brasil, onde a defasagem educacional é gritante, ficou mais evidente o papel social do ambiente escolar para o aprendizado e como rede de direitos e de proteção social

O isolamento social gerou perda educacional, problemas de saúde mental pela solidão, sobrecarga de pais para acompanhar o ensino à distância e um prejuízo incalculável. Principalmente para as redes públicas e as áreas de maior vulnerabilidade. Há uma máxima que diz: desigualdades não nascem na escola, são refletidas nela. A defasagem educacional não nasceu com a pandemia, mas foi agravada por ela. A Unesco estima que 24 milhões de estudantes no mundo não voltarão pra sala de aula. Um drama humano a engrossar as estatísticas do abandono escolar.

No Brasil são cerca de 48 milhões de alunos na educação básica. Além das dificuldades comuns a outros países, os estudantes enfrentaram deficiências próprias do nosso país. A desconexão da escola com mundo digital foi uma das principais. A tecnologia estava em todo lugar, só não no ambiente escolar. Pesquisa do Instituto Península apontou que 88% dos professores nunca tinham dado aula virtual antes da pandemia.

O ensino remoto desafiou professores a entrarem no mundo das ferramentas digitais, estudantes a serem responsáveis pela sua aprendizagem e exigiu da família participação mais ativa. Infelizmente, sem apoio, sem internet, sem escola, muitos não conseguiram acompanhar. E inúmeras escolas públicas devem voltar na estaca zero.

Tempos difíceis! Não há soluções fáceis. O retorno escolar coloca questões como: qual escola será reaberta quando tudo passar? A mesma, fechada há um ano? Ou uma que tenha aprendido com as perdas da pandemia, escute as demandas de professores, alunos, seja mais próxima da família, invista na formação docente, em tecnologia e esteja preparada para novos formatos de ensino?

Mendonça Filho, ex-ministro da Educação e consultor da Fundação Lemann

  *Os artigos são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do JC

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