ARTIGO

Retrocesso nos frágeis avanços das mulheres no mercado de trabalho

O Dia da Mulher deveria ser para comemorarmos as conquistas, mas, neste ano, o que vivenciamos é um retrocesso de 30 anos nos frágeis avanços da participação feminina no mercado laboral, agravado pela pandemia. Leia a opinião de Melícia Carvalho Mesel

Melícia Carvalho Mesel
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Melícia Carvalho Mesel
Publicado em 18/03/2021 às 6:03
MARCELO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL
INFORMALIDADE Um milhão e 737 mil pernambucanos trabalharam na informalidade em algum momento de 2021, sem carteira assinada - FOTO: MARCELO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL
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O Dia Internacional da Mulher é consagrado à luta das mulheres por um lugar no mundo do trabalho. Deveria ser um dia para comemorarmos as conquistas, mas, neste ano de 2021, o que vivenciamos é um retrocesso de 30 anos nos frágeis avanços da participação feminina no mercado laboral, agravado pela pandemia da Covid-19, que empurrou para fora da força de trabalho 7 milhões de mulheres.

A desigualdade de gênero no trabalho, contudo, precede a pandemia. De acordo com estudo divulgado pela OIT, em janeiro de 2020, tínhamos avançado pouco na diminuição do abismo que separa homens e mulheres no trabalho. No Brasil, o quadro é ainda pior. Conquanto representem a maioria da população (51,8%) e sejam mais instruídas do que os homens (de acordo com o IBGE, em 2019, as mulheres com curso superior representavam 29,7%, ao passo que os homens, 21,5%), as mulheres ainda ocupam menos postos de trabalho e ganham apenas 77,7% dos salários dos homens.

No quesito liderança, as mulheres, no máximo, exercem cargos de gerência média, ocupando, em 2019, 37,4% de tais cargos, consoante as Estatísticas de Gênero do IBGE. Avançando para os cargos mais altos, observou-se que elas só ocupavam 26% das diretorias e apenas 13% chegavam à presidência.

A pouca representatividade feminina é ainda observada na política, prejudicando a pauta de políticas públicas voltadas para as mulheres.

Nesta pandemia, elas foram as mais prejudicadas, sobretudo porque trabalhavam nos setores mais afetados, como turismo, hotelaria, de serviços e de cuidados. Outro fator determinante foi não conseguirem conciliar a rotina profissional com a atenção aos filhos, nestes tempos de escolas online.

Pequenas ações, contudo, podem contribuir para um futuro mais promissor: abertura de creches e escolas em tempo integral; oferta de cursos de qualificação; criação de linhas de crédito para estimular o empreendedorismo feminino; disponibilização dos espaços baby friendly, dentre tantas outras. Façamos, pois, a nossa parte.

Melícia Carvalho Mesel, Procuradora do Trabalho

  *Os artigos são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do JC

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