ARTIGO

A empresa do século 21

"Para o sucesso contínuo de uma organização, é essencial que Conselheiros e gestores compreendam que numa organização do século 21 as redes de comunicações são fluídas e representam a dinâmica da organização"

EDUARDO CARVALHO
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EDUARDO CARVALHO
Publicado em 09/04/2021 às 6:12
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"Numa organização humana, considerada como o arquétipo de uma organização do século 21, as teias de diálogos fazem parte das teias mais importantes" - FOTO: PIXABAY
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No mundo atual, as empresas precisam evoluir de mecanicistas para orgânicas, biológicas, caórdicas-humanas. O modelo mecanicista é hierárquico e se gasta muita energia e dinheiro com estruturas organizacionais, regimentos, normas, geralmente projetadas por consultores externos, que são guiados por manuais de governança. Esses indivíduos ao avaliarem a "saúde" de uma empresa, ignoram a sua cultura e estágio de maturidade, os valores, as relações de confiança e até a história e os ciclos políticos, sociais e econômicos que a empresa vivenciou e como foram superados. Consideram que a organização é uma máquina que pode ser construída a partir de um projeto.

Numa organização humana, considerada como o arquétipo de uma organização do século 21, as teias de diálogos fazem parte das teias mais importantes. Nelas emergem a inteligência coletiva, prevalecendo tudo que possa contribuir para a realização do propósito da organização. A sua essência (propósito, missão, valores), que representam o senso de direção principal da organização, é preservada. Assim, a forma (modelo de negócio, processos, produtos e serviços) pode evoluir continuamente. Nesse modelo, os colaboradores sabem distinguir a essência da forma e o poder da governança é distribuído a todos os colaboradores. Não é uma organização de comando e controle.

Nessa organização, os colaboradores são profissionais confiáveis e competentes; estão em contínuo desenvolvimento e renovação; têm senso de pertencimento e engajamento; sentem-se empoderados e responsáveis para exercer autogestão; cultivam relações genuínas, cooperativas e construtivas; têm como fonte de motivação o propósito, princípios, valores da organização e são conscientes que estão colaborando para a construção de algo significativo.

Para o sucesso contínuo de uma organização, é essencial que Conselheiros e gestores compreendam que numa organização do século 21 as redes de comunicações são fluídas e representam a dinâmica da organização. Elas são capazes de filtrar e modificar os instrumentos criados pela estrutura formal, possibilitando aos colaboradores usarem a criatividade quando se deparam com situações inesperadas. A vida de uma organização - sua flexibilidade, sua criatividade, seu aprendizado - reside nas comunidades informais de prática. Um líder experiente sabe interagir e valorizar a organização informal. Tem consciência que o conhecimento tácito é criado pela dinâmica cultural da organização e é convicto que um sistema vivo não pode ser controlado por autoritarismo e intervenções.

Eduardo Carvalho, Harvard University Fellow

  *Os artigos são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do JC

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