ARTIGO

Esperança não se esgota

"Me valho de um paralelismo para ilustrar o sombrio (insensato) momento que vivenciamos em nosso País e ainda assim declarar esperanças de um novo amanhecer". Leia a opinião de Otávio Santana do Rêgo Barros

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OTÁVIO SANTANA DO RÊGO BARROS

Publicado em 10/04/2021 às 6:09 | Atualizado em 10/04/2021 às 6:37
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Poeta modernista, pernambucano de boa cepa, paulista e carioca por necessidade familiar, Manuel Bandeira foi o inspirador deste pequeno artigo, no qual me valho de um paralelismo para ilustrar o sombrio (insensato) momento que vivenciamos em nosso País e ainda assim declarar esperanças de um novo amanhecer.

- "Vou-me embora pra Pasárgada; Lá sou amigo do rei; Lá tenho a mulher que eu quero; Na cama que escolherei" [...].

Para contextualizar, a cidade de Pasárgada, alvo dos devaneios literários do poeta, foi erigida no Império Aquemênida, na época de Ciro II, sendo elevada à condição de primeira capital persa.

Tendo Manuel Bandeira lido acerca de maravilhas daquela urbe, tomou-a como fonte de inspiração para simbolizar, na sua mente em ebulição criativa e constante, ainda que tristonha, um lugar maravilhoso, refúgio ideal para escapar-se a uma realidade cruel.

- "Vou-me embora pra Pasárgada; Aqui não sou feliz; Lá a existência é uma aventura; De tal modo inconsequente" [...].

Uma pandemia sem controle, média de morte às 3.000 almas, falta de oxigênio para respirar, gente capaz de debochar, falta de drogas para acalmar e intubados a resfolegar. Vou-me embora...

- Vou-me embora pra Pasárgada; Em Pasárgada tem tudo; É outra civilização; Tem um processo seguro" [...].

Aqui imploramos ajoelhados por vacina, orçamento responsável, estabilidade institucional, políticos decorosos, empresários convincentes, gente temente e coerente. Vou-me embora...

- "E quando eu estiver mais triste; Mais triste de não ter jeito; Quando de noite me der; Vontade de me matar" [...].

Meus verdadeiros amigos lá estarão, meus princípios prevalecerão, minhas esperanças reviverão, e todos se ajudarão. Vou-me embora...

Lá em Pasárgada, ou seja lá aonde o destino me levar, não precisarei ser amigo do rei, o rei nem mesmo me conhece, ainda assim serei respeitado, e ainda assim respeitarei.

Seria difícil, quiçá uma utopia, viver-se em harmonia? "Deixe está, a vida é isso e o mundo dá tantas voltas" (lembrei-me da música do Dorgival Dantas). E continuará dando.

Se não realizamos, apenas sonhamos.

Afinal, "a esperança é o bem que mais se consome e aquele que menos se esgota" (Octave Feuillet).

Paz e Bem!

Otávio Santana do Rêgo Barros, general de Divisão R1

*Os artigos são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do JC

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