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A covid-19 e a odontologia

'Já oficiamos todos os municípios pernambucanos para garantir o acesso à imunização de todos os cirurgiões-dentistas (públicos e privados), bem como demais profissionais da odontologia. A luta tem sido diária para conseguir a aprovação'. Leia o artigo de Eduardo Vasconcelos

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Eduardo Vasconcelos

Publicado em 17/04/2021 às 6:17
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Quando em março de 2020 chegou ao Brasil o desconhecido coronavírus, nós da Odontologia, assim como os demais profissionais de saúde, ficamos em estado de alerta apenas realizando atendimentos de Urgência. Sabíamos que ainda mais protocolos de biossegurança deveriam ser adotados além dos rotineiramente aprendemos na universidade, afinal de contas somos a categoria que mais está exposta ao risco de contaminação.

Passamos por mal bocados, fechamos consultórios durante quatro meses, em respeito a portaria emanada pela Secretaria de Saúde de Pernambuco, focamos em atender as urgências e emergências, atendimento hospitalar dentro da UTI e fomos para linha de frente na testagem RT PCR em diversos municípios isso mesmo sem vacina e com medo de ser contaminado. A saúde bucal da população no mundo inteiro regrediu de acordo com pesquisas internacionais - Federação Dentária Internacional (FDI) devido à falta de regularidade ao dentista (aumentou a incidência de cáries e de doenças gengivais avançadas).

O Conselho Regional de Odontologia de Pernambuco (CRO-PE), do qual tenho orgulho de estar presidente, tem trabalhado duro em todo o Estado batendo nesta tecla. Já oficiamos todos os municípios pernambucanos para garantir o acesso à imunização de todos os cirurgiões-dentistas (públicos e privados), bem como demais profissionais da odontologia, como: auxiliares, técnicos e estudantes em estágio de clínicas médicas universitárias.

A luta tem sido diária para conseguir a aprovação das gestões municipais para a liberação da vacina no grupo prioritário ainda na fase 1 de acordo com o Plano Nacional de Imunização do Ministério da Saúde. Mesmo os gestores sabendo que estamos em contato direto com o paciente, no ambiente onde tem a liberação de aerossóis e a menos de 25 cm da boca do paciente que não usa máscara, não têm sido simples a liberação, mas também não é impossível.

Conseguimos resultados positivos com a conscientização dos Gestores de Recife, Caruaru, Petrolina, Igarassu, Olinda, Jaboatão entre outros municípios. Temos o apoio e sinalização positiva do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) neste quesito e do Governo de Pernambuco. Cotidianamente, participamos de reuniões com as autoridades sanitárias do Estado para acompanhar o plano vacinal e as ações para o enfrentamento da COVID-19.

Hoje, temos em Pernambuco cerca de 10,5 mil dentistas e outros 10 mil auxiliares e técnicos. Precisamos juntar forças para retomarmos às atividades odontológicas regulares, cumprir nossa função social de atendimento à população e oferecer qualidade de saúde bucal, para que o Brasil não volte a ser taxado como o país dos desdentados.

Eduardo Vasconcelos, presidente do Conselho Regional de Odontologia de Pernambuco

  *Os artigos são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do JC

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