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Comportamentos distintos da preservação responsável do meio ambiente nos enviará ao lixo da história

"É o futuro de nossos descendentes que está sob ameaça. É direito e dever construí-lo e protegê-lo. Controlar a boiada. Cuidemos que as arengas políticas de ocasião não sejam, mais uma vez, palavras ao vento". Leia a opinião de Otávio Santana do Rêgo Barros

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OTÁVIO SANTANA DO RÊGO BARROS

Publicado em 24/04/2021 às 6:06 | Atualizado em 27/04/2021 às 4:28
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Você deve estar pensando: mais um artigo que trata da deflorestação, das queimadas e da gestão ambiental. Não aguento mais! Nem eu! Mas isso não vai tornar os biomas mais viçosos. Na quinta-feira (22.abr.21), 40 países se reuniram virtualmente para ajustar os rumos climáticos e ambientais do planeta Terra. Como disse o presidente argentino Alberto Fernández, "O tempo das dúvidas acabou. Ninguém se salva sozinho." O evento foi formatado pelo presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, que deseja retomar a liderança mundial em tema que lhe é tão caro.

O Brasil, impelido pela pressão externa e interna, teve que conceder uma valsa aos cavalheiros poderosos do baile. Uma carta talhada com declarações de amor ao ambientalismo, um discurso de viés ameno e promessas de comportar-se daqui por diante deram o tom. Na verdade, seremos submetidos a uma banca de professores com pós-doutorado e só estamos preparados para questões do exame de admissão ao ginásio.

Vamos torcer para que a correção seja bondosa. Um baixo desempenho nos fará perder a mesada cobiçada que seria usada na matinê do filme de Al Gore, Uma Verdade Inconveniente. Os governos que se camuflarem atrás de cortinas falaciosas e não tomarem atitudes realistas para se adequarem ao sistema ficarão à deriva. O ambientalismo não sairá mais do radar. Tornou-se importante ativo de sobrevivência humana.

Uma ausência foi percebida. A do Vice-Presidente Hamilton Mourão, coordenador do Conselho Nacional da Amazônia, criado com o objetivo de combater as ofensas ao ambiente amazônico. Ele é preparado intelectualmente, viveu anos na região e, primacialmente, detém respeito por sua serenidade e capacidade argumentativa. Alijá-lo de cooperar debilita a imagem já opaca do país. Foi personalismo doentio?

Apesar de notas diplomáticas suaves, os sinais não são claros. O Secretário americano John Kerry (responsável por questões climáticas) declarou: "A questão é: eles vão cumprir? Como será feito e de que forma?" Aguardemos. Esses assuntos não são resolvidos em minutos, quiçá em décadas. A nossa sociedade precisará vestir o gibão, montar o animal mais rústico e enfrentar com firmeza o espinhoso destino ambiental do Brasil.

É o futuro de nossos descendentes que está sob ameaça. É direito e dever construí-lo e protegê-lo. Controlar a boiada. Cuidemos que as arengas políticas de ocasião não sejam, mais uma vez, palavras ao vento. Comportamentos distintos da preservação responsável nos enviará ao lixo da história. A ser um pária da humanidade. Paz e bem!

Otávio Santana do Rêgo Barros, general de Divisão do Exército

  *Os artigos são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do JC

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