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É preciso reconstruir o País que está em frangalhos e com mandatário que busca o caos

Nestes tempos em que no Brasil e em outros países há empresários comprometidos com a peleja cidadã pela proteção do meio ambiente, seria natural ampliar-se a ação política desse segmento

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Tarcisio Patricio

Publicado em 11/05/2021 às 6:10
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Pode ser que o poço seja de fundo múltiplo - seguidos degraus abaixo. Se for o caso, estamos no já profundo degrau 1. É dever nosso, da Nação, fazer com que escapemos, sem descer sequer mais um degrau. A obra que nos trouxe até aqui tem muitos pais, de múltiplas cores políticas. Uma narrativa adequada e honesta do 'como viemos parar aqui' ainda está por ser feita, e vai demorar. Reflexões e estudos gerados neste terrível momento - e no porvir - e releitura do passado recente deverão trazer elementos para uma narrativa histórica adequada.

Nesta hora difícil, melhor não insistir na fácil tentação de culpar parte ou todo o contingente dos 57 milhões de eleitores que definiram o resultado das eleições de 2018. (Nos inspiremos em nações que passaram pelo horror do nazismo, do fascismo, de tiranias socialistas). Feridas profundas ficarão, claro. Não se escapa ileso de tanto horror. Mas o que interessa, agora, é reconstruir um país em frangalhos, que - em penoso esforço de recuperação de 10 anos de descarrilamento - recebe choques de desgoverno (eufemismo de governança corrosiva) e da Covid-19.

Repiso evidência já trazida a esta coluna: tal crise econômica-social-sanitária se dá em um país que, há pelo menos 30 anos, carrega baixa produtividade da economia e urgência, em várias áreas, de mudanças institucionais inovadoras. Trata-se, portanto, de salvar a Nação brasileira.

São tantas nossas fragilidades... A sociedade civil organizada, voz do povo, entorpecida; vastos segmentos populacionais sufocados por prolongados anos de desemprego e segundo ano de crise sanitária ampliada por má governança de um mandatário que parece buscar o caos.

Também nos falta uma liderança respeitável e catalisadora, embora seja algo que pode repentinamente surgir (a busca está em curso). Ajudaria muito se frações empresariais de peso se associassem a uma via de salvação essencialmente democrática.

Nestes tempos em que no Brasil e em outros países há empresários comprometidos com a peleja cidadã pela proteção do meio ambiente, seria natural ampliar-se a ação política desse segmento. No nosso caso, poderia ser uma redenção do empresariado, em contraposição ao amplo apoio empresarial ao golpe militar de 1964, que chegou ao caso extremo da Wolkswagen, no suporte à OBAN - operação repressiva que incluiu tortura e morte de presos políticos. Sim, empresário não faz passeata, mas - como vetor do poder - participa ativamente da política, aqui e alhures.

Um caminho que incluísse apoio de empresários atentos à democracia e ao futuro do Planeta seria uma benção. Melhor ainda se também contássemos com um redutor de danos chamado impeachment. Já são sufocantes os custos em vidas, saúde, educação. Quotidiano mal-estar. Vade retro!

Tarcisio Patricio, economista, professor aposentado (UFPE) e consultor.

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