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Quais os atributos de um consultor?

Nas duas últimas décadas, grandes corporações ampliaram a redução de executivos, despejando no mercado profissionais que se tornaram consultores

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EDUARDO CARVALHO

Publicado em 21/05/2021 às 6:15
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Nas duas últimas décadas, grandes corporações ampliaram a redução de executivos. Algumas faliram e outras foram adquiridas por corporações globais. Essa dinâmica despejou no mercado profissionais que se tornaram consultores. Alguns se prepararam para exercer com competência a função, que diverge da função executiva, outros não. Em qualquer caso, conseguiram assessorar empresas por relações profissionais passadas.

Ser consultor, a maioria das pessoas é. Quando alguém pede orientação sobre algo, a exemplo de um bom restaurante italiano na cidade, quem orienta está agindo como consultor. Todas as vezes que uma pessoa dá conselhos a alguém que está diante de uma escolha, está dando consultoria. Todas as formas de consultoria implicam na ajuda de uma pessoa a outra, é fundamentalmente um processo social e psicológico.

O consultor competente precisa compreender as dinâmicas psicológicas, interpessoais, grupais, organizacionais que afetam as atividades humanas. Deve ajudar o cliente a entender qual o problema em questão e formulá-lo claramente. Problema mal definido e diagnose mal feita são desastrosos para boas soluções. O consultor não pode ignorar a complexidade da organização. Precisa compreender bem o negócio do cliente, desafios, sutilezas, cultura organizacional e as relações humanas. Há vários processos ocorrendo na organização e processos são as chaves para o sucesso de um negócio. Referem-se como as coisas são feitas em vez do que é feito. É um conjunto de atividades interconectadas que recebem o insumo/input e o transformam para criar um resultado - output que agregue valor à organização.

Edgard Schein, professor emérito de MIT e experiente consultor, recomenda que para a criação de valor sustentável em uma organização, é essencial que o consultor seja um consultor de processos. Esse modelo de consultoria é curativo e preventivo e deve ter como propósito ajudar o cliente a fazer uma diagnose, desenvolver um plano de ação para resolver os problemas, avaliar as consequências do plano e gerir os processos para a implantação das soluções. Schein conclui: "quem sabe o que vai ou não funcionar na cultura da organização é quem a vivencia. O cliente não deve ficar dependente do consultor. Deve aprender a aprender".

O modelo requer, essencialmente, profissional éticamente consciente, equilibrado emocionalmente e com as necessárias experiências, competências técnicas e habilidades para exercer bem a função. Para contratá-lo, avalie a sua credibilidade - os valores que criou para quais organizações. Ele pode tanto colaborar para alavancar como para fracassar uma empresa.

Eduardo Carvalho, Harvard University Fellow

 

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