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Cuidado além-mar com Pernambuco e sua preservação

Adão Pinheiro, domiciliado há muitos anos em Olinda, liderou vários movimentos artísticos e culturais na cidade-monumento histórico da humanidade

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ARTHUR CARVALHO

Publicado em 26/05/2021 às 6:00
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Conheci Adão Pinheiro quando fui funcionário do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais - IJNPS, hoje Fundação Joaquim Nabuco - FUNDAJ, e ele diretor do seu museu. Gaúcho de nascimento, Adão é um dos mais importantes artistas plásticos do Brasil. Domiciliado há muitos anos em Olinda, liderou vários movimentos artísticos e culturais na cidade-monumento histórico da humanidade, com seu talento, cultura e natural liderança. Liderança essa respeitada pelos jovens e idealistas pintores, escultores, escritores e poetas.

Quando morei em Olinda, estreitamos nossa amizade e passei a frequentar seu amplo ateliê, onde tomávamos café da manhã regional, preparado por ele, e levávamos longos papos, logo compartilhados pelos que iam chegando. Conforme disse acima, Adão era domiciliado em Olinda, na Rua de São Bento, em casa defronte da sede da Prefeitura. Domiciliado e não residente, porque ele não reside em Olinda, em Pernambuco ou no Brasil - sua residência é o mundo. Tanto faz estar morando em Tanganica como no Nepal, sempre preocupado com a biodiversidade dos lugares onde, por acaso, armou sua tenda, mesmo que de passagem.

Há cerca de cinco anos, recebi carta sua acompanhada de procuração me outorgando "plenos poderes" para processar a Prefeitura de Itamaracá por poluição ambiental. A citada prefeitura permitira a invasão de seu sítio, plantado e arborizado naquele município, com a construção clandestina de bares às margens da lagoa do terreno, poluindo as águas. Fui com meu filho Carlos Carvalho diretamente ao Ministério Público, fizemos a denúncia e resolvemos o problema. Ou seja: desde que o conheci, na longínqua década de 60, Adão já se ligava nessas "bobagens", e, esta semana, recebo seu e-mail da Zurique denunciando a derrubada de vinte e cinco árvores no perímetro urbano de Olinda, algumas perto do edifício da Prefeitura. Pensei que, morando tão longe, lá pelas bandas da Suíça, ele tinha superado e esquecido essas "besteiras", coisas de maluco, de quem não tem o que fazer - mas me enganei.

E logo me lembrei de meu saudoso compadre Giuseppe Baccaro, com o qual criamos, com o gravador Gilvan Samico, a Fundação Casa da Criança de Olinda, de triste memória, que, depois de muitas lutas inglórias, fechou por absoluta falta de apoio dos chamados poderes públicos e "otoridades constituídas". Faz tempo, Baccaro foi agredido e processado por alta servidora da PMO por tentar impedir a derrubada de uma secular palmeira imperial na Marim dos Caetés, índios que não derrubavam árvores.

Arthur Carvalho, Instituto Histórico de Olinda

 

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