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O que é preciso para as organizações se perpetuarem

Edgard Schein, professor emérito de MIT (Massachusetts Institute of Technology), considerado o criador do conceito de cultura organizacional, revela que a cultura organizacional é composta por três níveis

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EDUARDO CARVALHO

Publicado em 28/05/2021 às 6:15
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A essência da cultura organizacional está nas pessoas, nas suas mentalidades e visões de mundo. É construída com o tempo, com base em como as pessoas se comunicam nas várias formas. É um padrão de crenças, propósitos, valores, hábitos, processos, princípios, rituais de "como se faz as coisas por aqui". Deve criar condições para que a consciência ética seja algo tão natural quanto o oxigênio. É o DNA da organização, o caráter, a alma, o sustentáculo dos sonhos e as realizações que tornam a empresa única. O processo é construído através de muitas interações na solução de problemas e experiências vivenciadas. Desenvolver uma cultura organizacional consciente gera engajamento e sensação de pertencimento de todos os colaboradores. Os seus fundadores são os grandes responsáveis por orquestrar esse conjunto. Eles querem construir um legado com capacidade de sobreviver e ser transmitido por gerações.

Edgard Schein, professor emérito de MIT (Massachusetts Institute of Technology), considerado o criador do conceito de cultura organizacional, revela que a cultura organizacional é composta por três níveis: 1) Artefatos (fatores visíveis-instalações, móveis e decoração, slogan, marca, missão) 2) Normas e valores (regras de conduta, políticas e afins), 3) Pressupostos (comportamentos inconscientes, crenças). Ele considera que este último nível tem a capacidade de influenciar a maneira como um colaborador pensa e age diante de diferentes situações no trabalho, forma o coração da cultura de uma organização. Uma organização precisa sentir as pessoas e é o coração que estabelece vínculos, estimulando a inteligência das pessoas para alcançar objetivos.

Culturas mudam, mas não é algo que possa ser modificado por decreto. Não é por enunciados de conceitos e recomendações formalmente transmitidos por estranhos à vivência organizacional, que se vendem como "agentes de êxito" para a longevidade da empresa. Agrava-se quando esses indivíduos geram conflitos no poder da empresa e ignoram os fundadores e colaboradores. Mudança sustentável somente ocorre se for provado que planos e procedimentos beneficiarão a organização e seus membros. O ciclo de vida de uma empresa precisa ser renovado, mas fundamentado em informações válidas sobre o que precisa ser melhorado, potencializado, sempre respeitando os sues valores.

Num processo de mudança nada deve ser feito que abale a reputação da empresa. É a grande medida de valor que garante a sua capacidade de atrair colaboradores e público que deseje aquilo que ela oferece. É condição essencial para a perpetuidade das organizações.

Eduardo Carvalho, Harvard University Fellow

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