Artigo

Coalizão contra a estupidez nas eleições de 2022

''Bolsonaro é uma ameaça à democracia e aos valores civilizatórios. Contra ele devem se articular as diferentes forças políticas - do PT ao Partido Novo - formando uma coalizão política para defender a pacificação do processo eleitoral, a limpeza e segurança das eleições de 2022 e, principalmente, a garantia dos seus resultados''. Leia a opinião de Sérgio C. Buarque

Imagem do autor
Cadastrado por

SÉRGIO C. BUARQUE

Publicado em 09/06/2021 às 6:32
Notícia
X

Os partidos e os políticos brasileiros estão focados nas eleições de 2022, cada um por si e contra o resto, se organizando, isoladamente, para derrotar a "vanguarda da estupidez" (Luana Araújo). Enquanto isso, Jair Bolsonaro, dá sinais, nada sutis, de que não está disposto a ceder o poder no caso de uma derrota eleitoral. Na medida em que as pesquisas vão mostrando um declínio persistente da sua popularidade, cresce o seu temor que alimenta os impulsos da sua insensatez. Bolsonaro está sempre apostando na partidarização das Forças Armadas e das Polícias Militares dos Estados, estimulando a agirem na defesa do seu governo e no ataque ilegal e autoritário aos seus opositores.

Caso seja derrotado nas eleições de 2022, Bolsonaro vai tumultuar o processo eleitoral, apostando no caos e na comoção social (para isso ele tem seus milicianos) como um argumento para convencer os militares a anularem o evento democrático. Mesmo antes, se ele perceber pelas pesquisas e sentimento das ruas que não terá chances eleitorais, provavelmente vai tentar transformar a campanha numa verdadeira guerra social, como uma forma de dificultar a realização de um pleito limpo e democrático. Não se pode esquecer que estamos lidando com um psicopata.

Os sinais de alerta estão passando, rapidamente, do amarelo para o vermelho. Bolsonaro é uma ameaça à democracia e aos valores civilizatórios. Contra ele devem se articular as diferentes forças políticas - do PT ao Partido Novo - formando uma coalizão política para defender a pacificação do processo eleitoral, a limpeza e segurança das eleições de 2022 e, principalmente, a garantia dos seus resultados. Mais do que isso e já pensando após as eleições, o entendimento político das forças de oposição poderia levar à preparação de um futuro governo de coalizão comprometido com princípios básicos: consolidação da democracia, defesa dos valores civilizatórios com o desarmamento das armadilhas bolsonaristas (como o armamentismo), recuperação da economia com equilíbrio fiscal, enfrentamento das causas estruturais das desigualdades sociais e repressão às atividades predatórias que estão destruindo a Amazônia e ameaçando as populações indígenas. As divergências políticas da coalizão, mais em relação aos meios que aos fins, seriam adiadas para as eleições de 2026, com a nação recomposta e livre das ameaças da estupidez. Utopia? Talvez. Falta que faz Fernando Lyra.

Sérgio C. Buarque, economista

 *Os artigos são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do JC

Tags

Autor