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Experiência de vida é indispensável para completar os conhecimentos da pessoa

"Livro é bom, diverte, ilustra e ajuda, mas experiência de vida é essencial e indispensável para completar os conhecimentos da pessoa". Leia a opinião de Arthur Carvalho

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ARTHUR CARVALHO

Publicado em 16/06/2021 às 6:07
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A vantagem dos cabelos brancos, se é que existe, são as lições de vida que eles nos ensinam. Quando nada, para compensar o claudicante caminhar lento, do pai idoso. Estes meus cabelos brancos, que hoje estão da cor dos bancos solitários de um jardim, evocados por versos do poeta Rogaciano Leite, na voz de Sílvio Caldas, que completava, entre vaidoso e nostálgico, já terem sentido muitos beijos e ouvido muitos segredos "que elas contavam pra mim".

Livro é bom, diverte, ilustra e ajuda, mas experiência de vida é essencial e indispensável para completar os conhecimentos da pessoa. Que página escrita, do melhor romancista do mundo, poderá transmitir ao leitor a sensação do sabor especial de um xinxim de galinha, uma moqueca de siri mole com pimenta malagueta e farofa dourada de azeite de dendê? Uma frigideira de aratu? Um abará, um aberém?

Se eu não fosse a Belém, não tinha visto aquela árvore gigantesca de tronco enorme defronte do Hotel Grão Pará - nem o mercado Ver o Peso, com sua feira de plantas e ervas nativas da Amazônia e quantidade abundante e variada de peixes, crustáceos e moluscos. Em São Luiz, admirei seu centro comercial, com imóveis de azulejos franceses, sem a companhia ilustre de Gonçalves Dias e Raimundo Correa. Em Fortaleza, não procurei José de Alencar para mergulhar na praia do Futuro, apreciando seus cajueiros em flor, e percorri as dunas de Natal com o jornalista Wolden Madruga, almoçando uma deliciosa lagosta ao coco.

Não precisamos de literatura para curtir as obras de arte de Aleijadinho nas ricas igrejas de Sabará e Ouro Preto. Mas é bom ler o cronista João do Rio, ouvir as músicas de Geraldo Pereira, Sinhô e Noel Rosa, para penetrar com mais profundidade na alma carioca. Se quiser glamourizar a pesquisa, visite a sede da Estação Primeira de Mangueira, leia a obra completa de Machado de Assis e do saudoso colunista Stanislaw Ponte Preta, dançando samba no Bola Preta e no Estudantina. Bom mesmo é acrescentar à vida a literatura, sem esquecer os bardos Fagundes Varela, Cruz e Souza e Augusto dos Anjos.

Nunca fui nem pretendo ir a Miami e à Disneylândia. Gostaria de conhecer as antigas fazendas de café do estado do Rio de Janeiro e tomar uma Bohemia em Petrópolis, um vinho tinto em Gramado e um chocolate quente em Campos do Jordão. Descendo o Rio Amazonas, navegaria com cuidado pelos seus Igarapés, escalando em Óbidos, Santarém, Parintins e Marajó.

Arthur Carvalho, Confederação Internacional dos Jornalistas

 

*Os artigos são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do JC

 

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