Fibromialgia: doença silenciosa e ainda vista com certo preconceito
"A síndrome está relacionada a um distúrbio no comando do processamento da dor pelo cérebro e agride de 2,5% a 6% da população mundial"

Você já imaginou passar praticamente 24h do seu dia sentindo dor e ainda assim ter que manter o humor, a casa, o trabalho, os afazeres do dia a dia em ordem? Infelizmente, essa é uma realidade para milhares de pessoas no mundo todo diagnosticadas com a fibromialgia. Doença silenciosa e ainda vista com certo preconceito pela maioria da população, a fibromialgia não tem cura, mas possui tratamentos capazes de minimizar os impactos causados pelas marcas invisíveis, que não deixam indícios que atestem o seu poder avassalador.
Os incômodos dos pacientes não param na região lombar, local mais frequente das dores na maioria dos casos. O incômodo está também muito ativo no preconceito de quem não entende a indefinição das suas causas e as dores insuportáveis provocadas até por um simples abraço. Reconhecer a fibromialgia ainda é um desafio para todos os envolvidos no processo: médicos, pacientes e seus familiares. O diagnóstico precoce e o consequente início do tratamento de forma adequada pode representar o resgate da qualidade de vida de muitas pessoas.
Via de regra, os pacientes acometidos pela fibromialgia passam por inúmeros exames e consultas até chegar ao diagnóstico e, na maioria das vezes, também adquirem outras enfermidades durante essa busca, como a depressão e síndrome do pânico, reverberadas em função do isolamento provocado pelas dores crônicas intensas e incapacitantes. São as dores do corpo refletindo na alma.
A síndrome está relacionada a um distúrbio no comando do processamento da dor pelo cérebro e agride de 2,5% a 6% da população mundial, com maior predominância no sexo feminino, de idade entre 30 e 50 anos, de acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR). Ainda não foram estabelecidas causas específicas para o desenvolvimento da enfermidade, mas é comum detectá-la em pessoas com histórico de estresse crônico/frequente ou vítimas de traumas físicos e psicológicos graves.
Driblar a desinformação é primordial para quebrar os estereótipos maldosos de quem não entende a complexidade da doença. Fibromialgia não é "frescura". É uma enfermidade séria que precisa ser tratada com profissionalismo, respeito e empatia.
Otamir Andrade, reumatologista e membro da Sociedade Brasileira de Reumatologia
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