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A implementação do Novo Ensino Médio

Ao permitir a flexibilização da grade curricular e a escolha da área de conhecimento para aprofundar os estudos, a escola incentiva o protagonismo dos alunos, oferece diferentes itinerários formativos.

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MENDONÇA FILHO

Publicado em 31/07/2021 às 6:11
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"O ensino médio vai mudar!". Fiz essa afirmação em julho de 2016, numa entrevista à Veja, três meses após assumir o Ministério da Educação. Naquele momento, ninguém deu bola. O país só tinha olhos para as pautas políticas e econômicas, embora a mudança do modelo do ensino médio fosse quase uma unanimidade nacional. Dois meses depois, lançamos a Reforma do Ensino Médio por medida provisória e o tema Educação se tornou destaque na pauta nacional, passou a dividir o debate da Câmara dos Deputados com a PEC do Teto e a Reforma da Previdência. E ganhou a atenções dos brasileiros. Em 2017, virou Lei e está sendo implementado progressivamente em todo o país.

Por que era tão importante mudar as diretrizes do ensino médio? Porque era urgente dar uma resposta a uma escola sem atrativos e desinteressante para o jovem, que acumula alta taxa de evasão e baixíssimo desempenho de aprendizagem. O novo modelo torna o ensino mais próximo das expectativas de vida, das vocações e dos sonhos dos jovens, assim como, das novas demandas profissionais do mercado de trabalho. Ao permitir a flexibilização da grade curricular e a escolha da área de conhecimento para aprofundar os estudos, a escola incentiva o protagonismo dos alunos, oferece diferentes itinerários formativos.

Com a reforma, as escolas estão elaborando um novo desenho de currículo, com uma parte comum a todos (Base Nacional Comum Curricular) e outra para áreas específicas do conhecimento, permitindo ao estudante escolher de acordo com as suas expectativas de futuro. A BNCC do médio já vem sendo adotada pelas redes estaduais, que agora entram na fase de reorganização dos currículos para implantação dos itinerários formativos. O MEC lançou este mês o cronograma nacional para as ações de implementação do Novo Ensino Médio, que será a partir de 2022 e de forma gradual, para todas as escolas públicas e privadas do país, embora muitas redes já estejam em estágios mais avançados.

Cinco anos depois, é interessante ver que, mesmo com inúmeras dificuldades os estados e municípios (alguns tem escolas com médio) se desdobraram para cumprir as diversas etapas para que o país possa concluir a implementação do novo modelo. Dificuldades de toda ordem, desde mudança de direcionamento no Ministério da Educação até a pandemia. Isso só reforça a certeza de que uma política pública, quando é desejo da sociedade, basta coragem política para que vire realidade e impacte a vida das pessoas. O Novo Ensino Médio virou realidade e vai impactar a vida de milhões de jovens pela coragem e decisão política do presidente Temer de fazer a maior reforma na educação no Brasil, desde a Lei de Diretrizes e Bases, num dos momentos políticos mais conturbados da história recente do país.

Mendonça Filho, ex-ministro da Educação

 

*Os artigos são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do JC

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