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Poder judiciário forte e respeitado

"O país precisa do poder judiciário forte e respeitado, terrivelmente comprometido só com as leis, pelo bem da democracia". Leia a opinião de Sérgio Gondim

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SÉRGIO GONDIM

Publicado em 06/08/2021 às 6:08
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Todo mundo já chamou um juiz de ladrão. Pelo menos no futebol. É uma profissão sofrida: corre o tempo todo, não pega na bola e ganha pouco em relação aos jogadores. Se apitar errado a metade xinga, se apitar certo a outra metade xinga. A mãe, coitada, justa ou injustamente, recebe xingamento especial.

Durante o jogo, o juiz leva dedo tatuado no nariz e, foi não foi, um empurrão. O pior é que ninguém lê a sua súmula nem o respeita e a cena se repete. Faz parte do show.

Fora dos campos de futebol foram noticiados casos de juiz lalau, juiz comerciante, juiz que dorme sobre processos, juiz carteirada, juiz de acusação e defesa. Juiz de instância, sem instância, multi instância e os que parecem nem saber que existem instâncias. Por falar em instância, existe o que o povo chama de processo gangorra: quando está em cima, desce, quando desce é só para fazer hora, pois terá que subir novamente.

Na mídia, foram divulgadas insinuações de que existiriam juízes votando sempre para um lado, outros para o outro, de forma previsível, confundindo a população que continua sem saber o que é certo ou errado. Quando o assunto envolve política é como se a lei tivesse partido.

Assim como no futebol, o juiz de direito precisa correr o tempo todo para concluir tantos processos, não pode tocar em bola, ganha pouco em relação aos jogadores, mas não pode levar dedo no nariz nem desaforo para casa como se fosse juiz de pelada.

Ultimamente o poder judiciário tem sido muito criticado e virou pauta de passeatas e protestos. Por sua importância para o país, críticas construtivas são bem-vindas, mas as destrutivas e mentirosas, não. Os que vestem e suam a toga com respeito e dignidade precisam predominar no conceito da sociedade, sendo terrivelmente honestos, totalmente independentes, incrivelmente estudiosos e muito bem remunerados. Que não entrem no jogo trocando passes, devendo favores, se alinhando a grupos políticos, legislando ou aparecendo fora dos autos. Que não sejam os astros e muito menos os suspeitos, para que não ocorra a inversão da penalidade como acontecia no tempo dos coronéis, remetendo incrivelmente os malfeitos para instância do esquecimento.

O país precisa do poder judiciário forte e respeitado, terrivelmente comprometido só com as leis, pelo bem da democracia.

Sérgio Gondim, médico

 

*Os artigos são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do JC

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