Opinião

O futuro da advocacia

"A OAB que a OAB nasceu para ser é aquela preconizada no artigo 44 do seu Estatuto, em vigor há 27 anos, e não outra. Não é uma OAB do marketing". Leia a opinião de Gustavo Henrique de Brito Alves

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Gustavo Henrique de Brito Alves Freire

Publicado em 09/08/2021 às 6:46 | Atualizado em 09/08/2021 às 6:48
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Este é um ano de definições eleitorais em todas as 27 Seccionais da OAB, em cumprimento ao disposto no artigo 63 da Lei 8.906/1994; na sequência, haverá a definição do próximo Presidente nacional da entidade, na esteira do que se contém no artigo 67 do mesmo normativo.

A Ordem, cujo berço é constitucional, não se confunde por isso com um mero órgão cartorário, nem se qualifica como autarquia simples, revestindo-se de atribuições não comparáveis ou análogas às de qualquer outra instituição assemelhada.

Na realidade, não existe no mundo nada que ombreie com a OAB. Sua voz tem peso e autoridade e sua história tem força própria na dinâmica do Estado Democrático de Direito. Liderar a Ordem não é fácil. Requer um olhar cujo treino só a experiência propicia. Requer, sobretudo, uma firme consciência de sua dimensão, coisa que o descompromisso nunca trará. Requer desprendimento, saber ouvir, ser independente, visão capilarizada, austeridade e mãos dadas com a boa governança.

A OAB de Raymundo Faoro, de José Neves, de Eduardo Seabra Fagundes, de Hélio Mariano, de Urbano Vitalino, de Cléa Carpi e de Nair Andrade, e de tantos mais, guerreiras e guerreiros da justiça e da liberdade, não é plataforma para a demagogia, nem para o discurso sedutor. É um ambiente de intenso trabalho, de doação e de entrega, sem salários ou penduricalhos, rigorosamente um voluntariado cívico, que dignifica aquele que o abraça com o coração puro.

É uma trincheira de resistência, uma tribuna para os injustiçados e os perseguidos, um bunker contra os autoritários, um farol de defesa dos oprimidos, a casa da cidadania. Não existe para se passar uma chuva ou para se buscar o autoengrandecimento ou o aplauso fácil.

A OAB que a OAB nasceu para ser é aquela preconizada no artigo 44 do seu Estatuto, em vigor há 27 anos, e não outra. Não é uma OAB do marketing.

Nem um palco para aventuras e experimentações. A sociedade organizada muito espera da Ordem. Não tem quem a pretende dirigir o direito de frustrar essa expectativa.

Que em novembro a classe dos Advogados reafirme essa escolha.

Gustavo Henrique de Brito Alves Freire, advogado

*Os artigos são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do JC

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