ARTIGO

Eleições internas da Ordem dos Advogados do Brasil

"Contra a polarização que domina a sociedade, a OAB, historicamente indutora do diálogo, não pode perder o prumo traçado na sua lei regente. Não pode prescindir de figuras como Beto Simonetti e Fernando Ribeiro Lins". Leia a opinião de Gustavo Henrique de Brito Alves Freire

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Gustavo Henrique de Brito Alves Freire

Publicado em 19/08/2021 às 6:11 | Atualizado em 20/08/2021 às 2:34
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Comandar uma entidade com as responsabilidades da Ordem dos Advogados do Brasil não é fácil. Digo como Conselheiro em gestões de cinco Presidentes. Consome tempo, carreia incompreensão, implica em renúncia familiar, tende a causar cabelos brancos, mas ainda assim vale a pena: é uma escola.

O ano atual é de definição para as próximas gestões Seccionais. No alvorecer do ano seguinte, será a vez da nova diretoria do Conselho Federal. Há uma crise de liderança sem precedentes. O País está disruptivo, sem piloto, é uma usina de confusões diárias. Tudo regado pelo molho amargo da pandemia e a sua trágica gestão pelo Estado brasileiro.

Será ainda esse o contexto no qual os próximos dirigentes de OAB disputarão as eleições internas. Como não esperar que sejam pessoas independentes e experimentadas na governança corporativa?

Conheci Beto Simonetti quando assumiu o cargo de Coordenador Nacional do Exame de Ordem. Eu pela terceira vez compunha a Comissão Nacional, órgão consultivo, sendo a Coordenação o braço executivo. Nunca encontrei gestor tão pressionado, sem que jamais tenha perdido a linha. Beto preparou-se pacientemente para ser Presidente Nacional da OAB. Bom no bom todo mundo é bom. Bom no ruim é que são elas. Beto é bom no ruim, na hora difícil.

Já na Seccional pernambucana, Fernando Ribeiro Lins é um raro exemplo de capacidade de trabalho. Na pandemia, o vi doar-se ao amparo da classe como poucos. Dirigiu o próprio carro para distribuir álcool gel nas Subseccionais, quando o mercado estava desabastecido. Sempre soube se colocar no lugar do outro.

São em suma dois abnegados. Duas forças que produzem convergência. Se em time que está ganhando não se mexe, ambos comprovam a veracidade desse adágio.

Aldous Huxley disse: "Experiência não é o que acontece com um homem; é o que um homem faz com o que lhe acontece". Contra a polarização que domina a sociedade, a OAB, historicamente indutora do diálogo, não pode perder o prumo traçado na sua lei regente. Não pode prescindir de figuras como Beto e Fernando. Ou estará a bater o último prego no próprio caixão.

Gustavo Henrique de Brito Alves Freire, advogado

 

*Os artigos são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do JC

 

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