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Tadeu Alencar: Bolsonaro trabalha para dividir o País e estabelecer uma realidade caótica

"Quem quiser que atribua aos arroubos presidenciais a condição de inofensivas bravatas". Leia a opinião de Tadeu Alencar

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Tadeu Alencar

Publicado em 27/08/2021 às 6:09
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O Presidente Jair Bolsonaro nunca foi tão autêntico. De atuação medíocre, por quase trinta anos, focado nas questões corporativas, desprezava as mulheres, os negros, os homossexuais. O derretimento de sua popularidade e a necessidade de manter acesa a chama entre os seus radicais livres, fez com que ele assumisse o seu projeto autoritário de poder, que se compraz com mares revoltos. Quase nada restou da sua pregação falso moralista, de combate à corrupção e de adoção de práticas que censuravam a troca de apoio político por favores oficiais. Rendeu-se à sedução da velhíssima república, que desfigura o viço, real ou imaginário, de qualquer governo.

Sobre ter sabotado o enfrentamento à pandemia, a CPI do Senado vai apresentar graves imputações à sua conduta e à sua gestão. Já os ataques à Democracia surpreendem, porquanto são diretos, reiterados e perpetrados com invulgar desenvoltura. Conduta típica e dolosa. Desde a participação em atos atentatórios à Democracia, na companhia de ativistas saudosos da ditadura, até a ameaça de obstruir o processo eleitoral, acaso não aprovado o voto impresso, passando por agressões chulas e ameaças a Ministros do STF, à Justiça eleitoral, ao parlamento, aos governadores e à imprensa livre. É chocante, mas tem as suas digitais o desfile retrô dos tanques em Brasília, no dia em que a Câmara dos Deputados deliberava sobre a mudança do voto eletrônico. Constrange também as forças armadas. Disseminou notícias falsas e terminou objeto de representação do TSE, sendo incluído em inquéritos em curso na Suprema Corte. É o legado pernicioso de quem, embora cioso da maturidade das instituições democráticas, atenta atrevidamente contra o Estado de Direito, que tanto custou ao Brasil, em vidas e sofrimento. Quem quiser que atribua aos arroubos presidenciais a condição de inofensivas bravatas.

Em verdade, ele trabalha para dividir o País e estabelecer uma realidade caótica, ainda mais que aquela que emergirá, após a sua desalentadora herança. Domingo, a Folha de São Paulo estampou a manchete de que, após 2 anos e meio de governo, houve retrocessos em quase todas as áreas: economia, saúde, educação, proteção social, segurança pública e meio ambiente.

Retrocesso social e político é um legado trágico. O impedimento virá inevitavelmente com as urnas, por força de todos os que professam a fé na Democracia, sem a qual, mesmo a bonança de tempos fartos, já não seria bastante. Ainda mais com esse saldo de devastação do País e da tentativa, que a história não perdoará, de tentar arruinar as instituições. "O estandarte do sanatório geral vai passar".

Tadeu Alencar, deputado federal

 

*Os artigos são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do JC

 

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