ARTIGO

Falta repressão ao cibercrime

"Há total descaso das autoridades de segurança na estruturação condigna de um aparato que dê efetividade à persecução penal dos cibercriminosos". Leia a opinião de Ronnie Preuss Duarte

Imagem do autor
Cadastrado por

RONNIE PREUSS DUARTE

Publicado em 28/08/2021 às 6:07
Notícia
X

A pandemia trouxe dissabores aos criminosos violentos. Com menos pessoas nas ruas, os roubos, assassinatos, estupros e congêneres se tornaram menos prováveis. E enquanto os órgãos de segurança púbica festejam os índices decrescentes de tais modalidades, malfeitores descobriram um novo Eldorado.

Os bandidos também migraram para o "home office". De casa, os estelionatários digitais perceberam a potencialidade do cibercrime. Com a população exponencialmente dependente das conexões informáticas, oportunidades infinitas estão surgindo para os marginais nesse ambiente anárquico da internet.

Fortunas de um dinheiro suado são diariamente surrupiadas por essa criminalidade que é bem democrática: atinge indistintamente aposentados, humildes trabalhadores e mega-empresários. Todos, ricos ou pobres, estão expostos ao sequestro de sistemas, à invasão de terminais para o "roubo" de senhas e de dados pessoais, à clonagem de aparelhos, à captura de contas de redes sociais e até à apropriação da própria identidade pessoal, quando os meliantes se fazem passar por pessoas de bem, vitimando parentes e amigos.

O Estado, numa conivência omissiva em relação aos picaretas, é mero espectador do caos. Falta a simples vontade de reprimir, já que nos casos mais corriqueiros a investigação é extremamente elementar: os criminosos agem a partir de terminais identificados (IP's ou números de whatsapp) e os recursos são transferidos para contas bancárias para só depois sofrerem movimentação.

A insegurança digital radica, sobretudo, na absurda impunidade que campeia. Há total descaso das autoridades de segurança na estruturação condigna de um aparato que dê efetividade à persecução penal dos cibercriminosos. As delegacias são poucas e desprovidas dos recursos humanos e tecnológicos necessários para atender à demanda. Há subnotificação das ocorrências, fruto do sentimento do cidadão de inutilidade da efetivação do registro junto às delegacias. Animados pela tolerância estatal, os bandidos evoluem, a economia sofre e nós seguimos indignados à espera do próximo golpe.

Ronnie Preuss Duarte, advogado e presidente do Conselho de Gestão do Pernambuco

 

*Os artigos são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do JC

 

Tags

Autor