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Campanha Setembro Amarelo chega para reforçar a atenção e cuidados relativos à mente

"A conscientização da doença, seja pelo paciente ou por aqueles que fazem parte da sua rotina e podem identificar qualquer mudança de comportamento, além da busca por ajuda familiar e profissional podem salvar vidas". Leia o artigo de Júlio Gouveia

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Júlio Gouveia

Publicado em 18/09/2021 às 6:00
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Quando falamos em saúde, logo associamos o contexto a uma definição ultrapassada que consiste na ausência de doenças. Para personificar, lembramos de pessoas de corpos sarados, de atitudes que remetem a uma alimentação balanceada e, fundamentalmente, com o bem-estar físico em dia. Entretanto, para se ter saúde é preciso compreender que não só o corpo exige de nós comprometimento e disciplina, mas a mente também. A citação atribuída ao poeta romano Juvenal: "mens sana in corpore sano", diz muito sobre o quanto, muitas vezes, esse processo de busca e encontro com a saúde, saúde plena e efetiva, requer essa conexão e integração entre corpo e mente para que o indivíduo alcance a tão desejada e necessária qualidade de vida.

Neste mês, a campanha Setembro Amarelo, idealizada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), chega para reforçar a atenção e cuidados relativos à mente e esclarecer que os estigmas direcionados aos cuidados psicológicos precisam ser quebrados. Compreender que as fraquezas da mente, tanto quanto as do corpo físico, também carecem de zelo e, dependendo do caso, de acompanhamento profissional especializado, é o primeiro passo para evitar ingressar em situações que podem nos levar a estágios que comprometem não só o nosso dia a dia, mas o de todos que estão a nossa volta.

A pandemia de covid-19 trouxe consigo inúmeros malefícios à sociedade, entre eles a potencialização de doenças como a depressão, ansiedade, transtorno afetivo bipolar e esquizofrenia, entre outras psicoses, além do aumento no consumo de drogas lícitas e ilícitas, devido ao confinamento prolongado. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), diariamente, cerca de 32 pessoas tiram a própria vida, no Brasil. A prática mata mais brasileiros do que doenças como a AIDS e o câncer.

As doenças da mente, se deixadas de lado, podem incapacitar e afastar o indivíduo do seu convívio social. A conscientização da doença, seja pelo paciente ou por aqueles que fazem parte da sua rotina e podem identificar qualquer mudança de comportamento, além da busca por ajuda familiar e profissional podem salvar vidas. Conversar e expor as angústias pode evitar abalos mentais irreversíveis.

Júlio Gouveia, psiquiatra da infância e adolescência

 

  *Os artigos são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do JC

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