ARTIGO

Vivemos, desde já, o processo eleitoral de 2022

"A polarização política de 2018 se repetirá com os mesmos tons e a mesma intensidade? Haverá espaço para uma terceira via se viabilizar eleitoralmente? Qual será a agenda da eleição? Como se dará o debate ideológico?"

Imagem do autor
Cadastrado por

PRISCILA LAPA

Publicado em 27/09/2021 às 6:08
Notícia
X

Ninguém tem mais dúvidas de que vivemos, desde já, o processo eleitoral de 2022. De forma intensa, as agendas dos governos são povoadas por eventos que podem dar visibilidade a nomes e partidos, para criar uma imagem positiva diante do eleitor-cidadão, que, por vezes, nem se deu conta do calendário, mas já sente um cheiro de briga e confusão no ar. Pretendentes estreantes começam igualmente a se movimentar, a fim de ocupar o espaço reservado à "novidade'' em uma eleição.

E não é só a corrida presidencial que já está no ar. As estratégias das eleições estaduais estão sendo traçadas e o Congresso Nacional fez a sua parte definindo as regras do jogo, votando elementos da legislação eleitoral que, por sinal, não seriam merecedores da alcunha de "reforma política". No final, prevalecerá a disputa sem as coligações proporcionais e cada partido precisará correr com suas próprias pernas para montar suas bancadas estaduais e federais.

Legendas começam a se movimentar para ganhar fôlego, atrair nomes "fortes", montar chapas competitivas e se posicionar como vitoriosas em um novo ciclo eleitoral ainda encoberto de incertezas acerca dos desejos do eleitor. O que importa agora, na visão das lideranças, é se mostrar grande, estruturado, atrativo às boas alianças. Nacionalmente, alguns efeitos dessa movimentação estão sendo sentidos, como as negociações avançadas para a fusão do PSL com o DEM, formando a maior força política de direita do país. Outras fusões são cogitadas, como PP com PRB, e de legendas de esquerda, como PC do B, Rede Sustentabilidade e PV. Além da ampliação da bancadas, essas legendas miram escapar da cláusula de barreira, pois, das 33 legendas do país, 15 tiveram menos de 2% dos votos totais nas eleições para vereador no pleito de 2020, de acordo com o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP). Se tiverem desempenho semelhante no ano que vem, serão impactadas pela redução dos recursos essenciais para sua sobrevivência.

Especialistas também estão em polvorosa, buscando captar, de antemão, os rumos da competição do ano que vem. A polarização política de 2018 se repetirá com os mesmos tons e a mesma intensidade? Haverá espaço para uma terceira via se viabilizar eleitoralmente? Qual será a agenda da eleição? Como se dará o debate ideológico? O bem estar econômico tornará a ser uma variável relevante para influenciar a escolha do eleitor? A pandemia será um tema decisivo?

Se o eleitor não pode controlar a antecipação das campanhas por parte dos seus representantes, pode se posicionar desde já, demarcando de que tipo de debate deseja participar. Sim, fazer parte e não apenas ser espectador. A polarização política, para muitos uma construção artificial da imprensa, passa pelo eleitor, o elemento soberano do processo democrático.

Priscila Lapa, cientista política

 

*Os artigos são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do JC

 

Tags

Autor