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Os 90 anos da Associação da Imprensa de Pernambuco

"A AIP, que comemora 90 anos de glórias, nunca foi um órgão de classe, mas nenhum órgão de classe fez tanto pelos jornalistas, escritores e artistas pernambucanos do que a AIP". Leia a opinião de Arthur Carvalho

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ARTHUR CARVALHO

Publicado em 29/09/2021 às 6:00
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Morava eu em Olinda, faz tempo, recebo a visita ilustre do cronista Sócrates Times de Carvalho. Foi me convidar para formar na vice de sua chapa para presidente da AIP. Não pude aceitar, porque, à época, não tinha a menor condição de exercer o cargo em sua plenitude. Depois, aceitei o convite de Joezil Barros e encarei a presidência, cumprindo o mandato de 1999/2004. Foram anos de muita luta, com a colaboração importantíssima dos jornalistas Aldo Paes Barreto, José Hipólito, Hugo Vaz, João Alberto, Lúcio Costa, Luís Felipe de Moura, Zenaide Barbosa e outros. E as secretárias Cacilda Mathias e Marlene.

Muitos foram os motivos de decadência da AIP, sendo o principal deles a degradação do centro comercial da cidade, por abandono total das autoridades municipais, principalmente do trecho da Av. Dantas Barreto, onde pontificava o edifício da AIP e onde tínhamos vários imóveis alugados a locatários que não pagavam o aluguel. No edifício, funcionava, com grande afluência e auditório lotado, o cinema de arte da AIP, que exibia filmes clássicos de diretores famosos. Depois, converteu-se em cinema pornográfico, atraindo plateia desqualificada. Seu restaurante panorâmico, cujo simpático chefe, que servia uma lagosta divina e escocês legítimo, era conhecido em todo o Brasil. De sua varanda, os clientes apreciavam a paisagem do Recife Antigo e o movimento incessante dos navios entrando e saindo do Porto. A boate, embalada pelo conjunto do Maestro Bamba, que morreu tragicamente, era aconchegante. A pinacoteca e a biblioteca, admiradas pelos intelectuais. Tínhamos departamento médico e odontológico, para pronto atendimento dos associados, em consultórios instalados no anexo.

Um dia, um dentista executou a AIP na Justiça do Trabalho e penhorou suas salas. Com os elevadores sempre quebrados, pedi revisão ao Corpo de Bombeiros, e a perícia constatou que os dois prédios mais vulneráveis a incêndio em Recife, à época, eram o da AIP e o do Fórum Paula Baptista.

Deixemos as amargas de lado. A AIP, que comemora 90 anos de glórias, nunca foi um órgão de classe, mas nenhum órgão de classe fez tanto pelos jornalistas, escritores e artistas pernambucanos do que a AIP, considerada uma das mais importantes associações de imprensa do Brasil. Não cabe neste espaço citar todos os seus beneméritos, mas não podemos esquecer Joezil Barros e de seu atual presidente, o dinâmico e esforçado, Múcio Aguiar.

Arthur Carvalho, Associação da Imprensa de Pernambuco - AIP

 

*Os artigos são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do JC

 

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