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A Base Nacional Comum Curricular impacta a escola

"A BNCC é uma das políticas públicas de educação mais arrojadas dos últimos 20 anos no Brasil, com impacto na formação de professores, na aprendizagem, nos recursos didáticos e nas avaliações". Leia o artigo de Mendonça Filho

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MENDONÇA FILHO

Publicado em 09/10/2021 às 6:05
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Em meio a tantas dificuldades vividas pela educação brasileira, uma ótima notícia! Pesquisa do Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (CAEd), em parceria com o MEC, sobre a implementação da Base Nacional Comum Curricular com mais 24 mil profissionais da educação, aponta o impacto positivo da BNCC na prática e na cultura educacionais de professores e dirigentes de escolas. A primeira etapa da pesquisa, divulgada recentemente, aponta que 79% dos professores sentem que a implementação da Base reflete positivamente no seu comportamento profissional. Entre os diretores, a percepção é ainda mais positiva: 87% acreditam que a BNCC contribui para melhorar a gestão educacional.

A Base é uma das políticas públicas de educação mais arrojadas dos últimos 20 anos no Brasil, com impacto na formação de professores, na aprendizagem, nos recursos didáticos e nas avaliações. Fundamental para proporcionar aprendizagem com equidade e competências para formar cidadãos críticos, criativos e capazes de lidar com suas emoções, seus problemas e desafios. O coordenador da pesquisa, Marcelo Burgos, destaca no estudo a valorização da centralidade do currículo e o entendimento de que a BNCC, "ao contrário do que muitos receavam, favorece a diversidade e a autonomia, estimulando a imaginação e a criatividade locais com vistas à aproximação entre o currículo e as realidades concretas das escolas e de seus alunos".

Prevista pela Constituição de 1988, a BNCC da Educação Infantil e do Ensino Fundamental foi apresentada ao Conselho Nacional de Educação e homologada pela nossa gestão no Ministério da Educação em 2017. A partir de então, iniciou-se o processo de implementação pelas redes municipais e estaduais. O que não foi tarefa fácil, num país da dimensão do Brasil e com a nossas desigualdades. Sem uma coordenação nacional, sem apoio e numa pandemia, a mobilização de estados, municípios, conselhos de educação, ongs e educadores levou a BNCC às escolas do país. Em agosto deste ano, 92% dos municípios do país tinham currículos alinhados com a BNCC (Movimento pela Base).

O que prova de que a BNCC era um anseio da sociedade, que quer educação de qualidade. Acompanhei de perto as discussões com educadores, as audiências públicas nos estados para a formulação do documento. A Base contou, também, com a contribuição de especialistas de diversos países com Austrália e Estados Unidos.

Foi muito gratificante ter concluído e entregue, como ministro da Educação, a primeira base nacional curricular do país, um documento normativo que reflete as necessidades, as diferenças e a nossa pluralidade. É uma conquista incalculável. O país só entenderá plenamente a sua importância a longo prazo.

Mendonça Filho, ex-ministro da Educação e consultor da Fundação Lemann.

 

*Os artigos são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do JC

 

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