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Nelson Mandela, o líder maior de todos os que lutaram por ideais de justiça, igualdade e fraternidade

"Solto em 1990 e livre das grades que até hoje permanecem encravadas na cela que habitou, Mandela manteve os mesmos princípios libertários que o levaram à prisão e, pelo voto direito dos sul-africanos, elegeu-se presidente do seu País, quando consolidou, definitivamente, o fim do regime do apartheid". Leia o artigo de Adeildo Nunes

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Adeildo Nunes

Publicado em 21/10/2021 às 6:06 | Atualizado em 23/11/2021 às 3:12
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Uma das maiores tragédias que a história conheceu, sem dúvidas, deu-se durante o regime racista e segregacionista do apartheid, que vigorou na África do Sul, entre 1948 e 1993. A oficialização desse regime desumano e perverso, em 1948, consolidou-se com a ascensão do primeiro-ministro Daniel Malan, descendente de colonizadores europeus, que com a ajuda financeira de bancos ingleses, instituiu no país uma série de atrocidades humanas. Os negros foram impedidos de participar da vida política, foram proibidos de acesso à propriedade da terra, eram obrigados a residir em local determinado pelo governo e só podiam circular pelas ruas se apresentassem um passaporte especial expedido por órgão governamental. Em síntese, o apartheid privilegiava a elite de cor branca e excluía os negros dos espaços públicos, da educação e dos projetos sociais.

Em 18.07.1918, num pequeno lugarejo às margens do rio Mbashe, na África do Sul, nasce Nelson Mandela, de descendência negra, que depois de muitos sacrifícios pessoais conseguiu se formar em Direito, em 1943, na Universidade de Joanesburgo, onde obteve vasto conhecimento sobre ciências políticas, sociais e jurídicas, que muito contribuíram para o início da sua incansável luta em favor dos direitos humanos e da igualdade de todos perante a lei e a dignidade humana. Mandela, entre 1943 e 1962 foi um perseguido político, nomeadamente porque as suas atitudes em defesa dos oprimidos, como era de se esperar, trouxe enormes transtornos políticos para os detentores daquele poder autoritário e absoluto.

Em 1962 Mandela foi preso pelo regime absolutista, quando participava de protesto e, também, porque havia saído do país sem ordem do governo central. A acusação imputava-lhe a prática do crime de traição e sabotagem. Em 1964 um tribunal de exceção o condenou à prisão perpétua. Ao todo, permaneceu 27 anos na prisão, sendo que metade da pena foi cumprida em isolamento absoluto.

Solto em 1990 e livre das grades que até hoje permanecem encravadas na cela que habitou, Mandela manteve os mesmos princípios libertários que o levaram à prisão e, pelo voto direito dos sul-africanos, elegeu-se presidente do seu País, quando consolidou, definitivamente, o fim do regime do apartheid, honrando a sua trajetória humanista que o fez, certamente, o líder maior de todos os quantos lutaram por ideais de justiça, igualdade e fraternidade. Tomou posse ao lado de dois carcereiros.

Adeildo Nunes, juiz de Direito aposentado

 

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