Enem 2021 e a crise no Inep
"Infelizmente, o Enem deste ano ocorre em meio a pior crise vivida pelo Inep, desde o roubo, o vazamento e a tentativa de venda das provas em 2009". Leia o artigo de Mendonça Filho
Amanhã mais de três milhões de estudantes podem participar do primeiro dia de provas do Enem, em todo o país, buscando realizar o sonho de ingressar numa universidade. Para garantir tranquilidade e segurança ao Exame, há uma mega operação envolvendo milhares de profissionais, comandada pelo Inep, instituição de excelência e que tem como patrono o grande educador baiano Anísio Teixeira. Infelizmente, o Enem deste ano ocorre em meio a pior crise vivida pelo Inep, desde o roubo, o vazamento e a tentativa de venda das provas em 2009.
A crise atual, iniciada quando 37 servidores deixaram seus cargos denunciando interferências externas nas provas do Enem, gera insegurança nos estudantes, preocupa pais e educadores. No entanto, diferente de 2009, a crise atual vai além dos possíveis prejuízos ao Enem. Impacta uma instituição que é uma espécie de "cérebro" da educação brasileira. Com 84 anos, o Inep é uma autarquia federal guardiã das estatísticas educacionais do país.
Como ministro da Educação conheci de perto esse trabalho, apresentado pela competente professora, Maria Inês Fini, na época presidente do Inep e considerada a mãe do Enem. Além de estudos e pesquisas, o Inep desenvolve robustos sistemas de estatísticas, avaliações e exames educacionais da educação básica e superior de excelência reconhecida no mundo todo. As bases de dados são seguras, confiáveis e referências para pesquisadores e instituições brasileiras e do exterior.
Educação de qualidade precisa de políticas públicas adequadas e eficientes. E política pública tem que ter dados, informações, avaliações periódicas e sistemáticas. Independente de questões políticas, ideológicas ou conveniências de momento, o Inep é patrimônio brasileiro. Precisa ser preservado e fortalecido.
Mendonça Filho, ex-ministro da Educação e consultor da Fundação Lemann.