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OAB-PE: encontros e despedidas

"O trem que chega traz Fernando Ribeiro e Ingrid Zanella, acompanhados de um novo Conselho com novos nomes, renovado, plural e democrático. No trem que parte, estarei, humildemente, no Conselho Federal e onde mais estiver, sempre nas trincheiras da advocacia". Leia o artigo de Bruno Baptista

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BRUNO BAPTISTA

Publicado em 03/01/2022 às 6:07 | Atualizado em 04/01/2022 às 1:29
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Você já parou para pensar como é curiosa a percepção da passagem do tempo? Existem fatos que parecem que aconteceram ontem e, paradoxalmente, passam a impressão de terem ocorrido uma década atrás. Talvez a própria pandemia, com o distanciamento social, tenha aguçado este sentimento. Assim ocorre com o início do nosso mandato à frente da presidência da OAB-PE, há exatos três anos.

E havia uma pandemia no meio do caminho, como a pedra no poema de Drummond. A lamentar, apenas as vidas perdidas. A obrigação do gestor (e parece que alguns se olvidam disso) é redefinir as prioridades e concentrar os seus esforços no que verdadeiramente importa. Por isso, o nosso alvo foi garantir a sobrevivência da advocacia em momentos tão difíceis. Foram tempos de luta para garantir o reconhecimento da advocacia como atividade essencial, contra o fechamento de comarcas e aumentos de custas, pelo retorno do atendimento presencial e pela digitalização dos processos físicos, pela regulamentação da advocacia dativa, de pagamento de auxílio assistencial e distribuição de cestas básicas pela nossa Caixa de Assistência, da qualificação on-line da ESA por meio de um grande programa de bolsas de pós-graduação e muito mais.

Não paramos nisso. Fizemos entregas de novas sedes de subseccionais, reformamos dezenas de parlatórios e salas da advocacia nos fóruns, espalhamos escritórios modelo e cooffices pelo estado, implantamos o e-alvarás e postos de atendimento do INSS exclusivos para a advocacia na sede da OAB-PE e de várias subseccionais, além do programa Advogar e Empreender. E teve a meta-síntese: a inclusão! Derrubamos os muros da OAB-PE. Algumas vezes (e não foram poucas) fui criticado por ser "democrático demais". Mas, como diz a música de Caetano, "onde queres revolver sou coqueiro". Esta é a sina de quem entende que todo o poder, por mínimo que seja, é transitório e que estamos ocupando este espaço para servir e nunca para ser servido. Foi o que aprendi em casa.

Porém, como afirma a bela canção de Milton Nascimento e Fernando Brant que empresta o nome a este artigo, "e assim chegar e partir são só dois lados da mesma viagem. O trem que chega é o mesmo trem da partida". E o trem que chega traz Fernando Ribeiro e Ingrid Zanella, acompanhados de um novo Conselho com novos nomes, renovado, plural e democrático. No trem que parte, estarei, humildemente, no Conselho Federal e onde mais estiver, sempre nas trincheiras da advocacia, empunhando as nossas bandeiras.

Despeço-me também deste espaço no Jornal do Commercio, que passará a ser ocupado, com muito mais competência e brilho, pelo legítimo Presidente da OAB-PE Fernando Ribeiro a partir da próxima quinzena, agradecendo ao diretor de redação Laurindo Ferreira pela oportunidade de prestar contas em um formato diferente. A sensação é de dever cumprido, com o coração transbordando de gratidão a todos(as) que colaboraram com a gestão. Desejo a cada leitor(a) que me fez companhia um feliz ano novo e um 2022 de muita saúde e paz!

Bruno Baptista, advogado e ex-presidente da OAB-PE

 

*Os artigos são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do JC

 

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