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Advocacia e a Síndrome de Burnout

"A angústia, a insegurança, a impotência, tudo se soma a potencializar mais e mais o grau de complexidade do desafio que é imposto a quem tem por vocação ser o porta-voz do cidadão em busca de seus direitos". Leia o artigo de Gustavo Henrique de Brito Alves Freire

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Gustavo Henrique de Brito Alves Freire

Publicado em 13/01/2022 às 6:00
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Muito se vem falando sobre a Síndrome de Burnout. É um distúrbio psíquicoemocional de natureza depressiva, ocupacional, com sintomas de exaustão extrema e estresse, tudo como resultante de situações de pressão e desgaste, que exigem intensa competitividade e não inferior responsabilidade. Foi descrito pela primeira vez no ano de 1974 pelo psicólogo americano Herbert J. Freundernberger.

A pandemia da COVID, que caminha para o seu terceiro ano, com a sobrecarga de incertezas e regras restritivas de convivência (entre as quais o isolamento social, a quarentena e o home office), vem levando a um incremento do percentual de atingidos por quadros de depressão e ansiedade.

Os impactos sobre a saúde mental são reais. A própria OMS sabe disso. A advocacia encontra-se duramente atingida pelo "novo normal", com a mudança radical de rotina nos escritórios e no próprio Judiciário. A angústia, a insegurança, a impotência, tudo se soma a potencializar mais e mais o grau de complexidade do desafio que é imposto a quem tem por vocação ser o porta-voz do cidadão em busca de seus direitos.

A luz no fim do túnel abriga-se no princípio da cooperação positivado no CPC no seu artigo 6º, ao dispor que os sujeitos do processo devem colaborar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.

Similar perspectiva, guardadas as particularidades de outras profissões, como as Mvinculadas à saúde e ao ensino, enraíza-se a partir desse postulado. Se, em resumo, todos os interessados dialogam e evitam barreiras desnecessárias à atuação uns dos outros, se todos, enfim, trabalham juntos, é inevitável que o edifício como um todo resista ao risco de um desmoronamento fatal.

Há que se reconhecer o problema. Depois, procurar ajuda. E, ao longo do caminho, todos darem-se as mãos. Só assim o princípio da colaboração atingirá seu ápice. Como disse Van Gogh: "Os pescadores sabem que o mar é perigoso e que a tempestade é terrível, mas eles nunca julgaram esses perigos como razão suficiente para permanecer em terra". Eu acredito: tudo isso vai passar.

Gustavo Henrique de Brito Alves Freire, advogado

 

*Os artigos são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do JC

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