OPINIÃO

A história mostrará quem cometeu crimes no combate à pandemia

Artigo do médico Sérgio Gondim, que alerta: a todos, um momento de reflexão sobre o seu papel nesse capítulo da história da humanidade

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SÉRGIO GONDIM

Publicado em 21/01/2022 às 7:06
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Claro que o desconhecimento sobre o novo Coronavírus era total e, com a pandemia em movimento, o mundo segue acertando, errando, desconfiando, mas sempre aprendendo. Quem não teve dúvidas naturais em relação à Coronavac, por exemplo? Estranho é continuar lançando temores infundados, com formadores de opinião provocando hesitação em relação à vacinação, mesmo depois da publicação de estudo envolvendo 10.2 milhões de pessoas, tendo como conclusão que é efetiva e segura. Mesmo assim, preferem seguir chamando atenção só para os casos em que falha. Ainda bem que o brasileiro não é bobo e exigiu as vacinas.
Aprendemos técnicas para ofertar oxigênio que podem prevenir intubações na COVID-19; que esteroides usados precocemente matam, mas usados na hora certa em conjunto com outros cuidados, salvam; que finalmente estão surgindo tratamentos precoces eficazes; que não se pode minimizar uma doença que, só na área neuropsiquiátrica, produz distúrbios em 33.6% dos casos, chegando a 46.4% se houver internamento em UTI.
Alguns se adaptaram à nova realidade protegendo e sendo solidários. Outros disseminaram e odiaram mais. O comportamento nocivo aumentou a violência contra as mulheres e incluiu o maior uso das redes sociais, uma causa de depressão entre jovens na pandemia.
Até agora os dados sinalizam que o vírus veio para ficar e não está definido o tempo de proteção conferido pela vacina ou pela própria infecção, nem se surgirão variantes ainda piores ou vacinas perfeitas. As estratégias sugeridas mundo a fora para o “novo normal” apontam a necessidade de um sistema integrado de informações em tempo real permitindo projeções e acelerando as providências. Também são sugeridos a formação da força de trabalho para atender imediatamente os surtos, o restabelecimento da confiança nos governos e nas instituições de saúde, bem como a promoção do conceito de que a ação coletiva é fundamental para o bem público.
Cá entre nós não se percebe a ação de estrategistas, muito ao contrário. Continuamos discutindo bobagens, torcendo para que uma mutação possa não ser ruim de todo e dando-lhe as boas-vindas.
De toda forma, com o aprendizado contínuo e reformulando conceitos com humildade, alheios a disputas mesquinhas, caminharemos. A história um dia mostrará, é isso que ela sempre faz depois das guerras, com a clareza que o tempo costuma iluminar os fatos, o que ajudou, o que atrapalhou e quem cometeu crimes no combate à pandemia.
A todos, um momento de reflexão sobre o seu papel nesse capítulo da história da humanidade. Na torcida para que fiquem bem na fita.

 

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