OPINIÃO

Estabilidade, convenhamos, nunca foi o forte da política brasileira

"No último ano, porém, é possível identificar certa regularidade da opinião pública em relação a questões sensíveis para a sociedade, com potencial rebatimento eleitoral". Leia o artigo de Juliano Domingues

JULIANO DOMINGUES
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JULIANO DOMINGUES
Publicado em 13/02/2022 às 6:00
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Estabilidade, convenhamos, nunca foi o forte da política brasileira. No último ano, porém, é possível identificar certa regularidade da opinião pública em relação a questões sensíveis para a sociedade, com potencial rebatimento eleitoral.

A avaliação do governo federal é um exemplo, conforme pesquisa Ipespe, cujo levantamento mais recente foi divulgado essa semana. Há um ano, o percentual de ruim/péssimo ultrapassou o de ótimo/bom, em um cenário que se intensificou mês a mês até adquirir estabilidade, principalmente no segundo semestre de 2021. Atualmente, 54% consideram o governo Jair Bolsonaro ruim/péssimo; e 24%, ótimo/bom.

Quando a pergunta é se você aprova ou desaprova a maneira como o presidente administra o país, há o mesmo movimento. Há quase um ano, a desaprovação subiu de 45% para 60%, passou a girar próximo a esse patamar e hoje está em 64%. A aprovação seguiu essa tendência, mas em sentido inverso: caiu de 46% para 33% e se manteve por ali, sem altos e baixos significativos, tanto que ficou com 31% nesse último levantamento.

A regularidade marca, ainda, a avaliação quanto à atuação de Bolsonaro no enfrentamento ao coronavírus. A percepção ruim/péssima atingiu 61% em março, variou entre 58% e 54% e estacionou, em janeiro e fevereiro, em 57%. Enquanto isso, a percepção ótimo/bom transitou entre 21% e 22% e chegou aos 23% no mais recente percentual divulgado. Algo semelhante também se verifica quanto à economia. Em março, passou da casa dos 60% - e lá se manteve - o percentual do eleitorado convencido de que o país está no caminho errado, sendo 63% o número mais recente.

Oscilação relativamente discreta também aparece quando a pergunta é sobre intenção de votos, conforme pesquisa Quaest, cuja rodada mais recente foi divulgada essa semana. Observados os números desde julho do ano passado, na estimulada para 1º turno (quando é apresentada ao eleitor a lista dos candidatos), o ex-presidente Lula foi de 44% a 48% e, no último levantamento, ficou em 46%. Bolsonaro, depois de variar entre 28% e 21%, chegou, agora, a 24%.

Em meio a tantas incertezas, o eleitorado parece convencido de que o atual governo é um desastre e que Lula representa a alternativa em 2022. Essa percepção demonstra algum grau de solidez ao longo do tempo, associada a dois temas absolutamente sensíveis e intercambiáveis: economia e saúde.

Juliano Domingues, jornalista e cientista político, é professor da Universidade Católica de Pernambuco.

 

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