A volta da Paixão de Cristo em Fazenda Nova
A Nova Jerusalém nordestina, réplica da velha Jerusalém dos reis e dos profetas, através do seu elenco, mestres das artes cênicas, oferece aos espectadores alumbramento e reflexão.
No Agreste Pernambucano, em Fazenda Nova, município do Brejo da Madre de Deus, a piedade e a arte cristãs deram-se as mãos e num gesto empreendedor edificaram uma Cidade-Teatro, onde, nos dias de Semana Santa, acontece o espetáculo da Paixão de Cristo. Multidões de todos os cantos e recantos, após dois anos de ausência, chegam, no período de 9 a 16 de abril, a Nova Jerusalém para assistir ao drama mais comovente já acontecido na história do homem.
Tudo ali é arte, talento e fé!
Os cenários, os apetrechos, as vestimentas, o corpo de figurantes, enfim, o majestoso palco no qual serão vividos e revividos, a céu aberto, os passos do Cordeiro Imaculado ao Calvário, para nos redimir da culpa original, herança de Adão, o fugitivo de Deus.
A Nova Jerusalém nordestina, réplica da velha Jerusalém dos reis e dos profetas, através do seu elenco, mestres das artes cênicas, oferece aos espectadores alumbramento e reflexão.
Ao ensejo, vale ressaltar a perfeição dos atores na interpretação da fraqueza e da simulação de Pilatos, da covardia e traição de Judas Iscariotes, dos ignóbeis conluios de Anás, Caifás e de toda uma sociedade impregnada da mais torpe conduta, quando, por artifícios, desmonta a verdade, dissemina o ódio, implanta o malsinado reino da mentira.
Ainda nessa ambiência artística esplendem os intérpretes quando, através da arte, aparência, semblantes e rosto, incorporam o Cristo, Caminho, Verdade e Vida, desde a instituição da Eucaristia até a reluzente aurora de Ressurreição.
Emociona o encontro de Maria com Jesus, a generosidade de Verônica, a solenidade do Cireneu, a crucificação da Criança-Síntese de Belém de Judá, o sacrifício na lição maior da humanidade, do Deus-Menino nos salvando do pecado original.
Estarrecem o suicídio de Judas e a hipocrisia dos pontífices, os aplausos a Barrabás, o julgamento do Messias, o grito do crucificado, a zombaria da multidão em desordem, enlouquecida, sedenta de ódio e de vingança, clamando pela morte da bondade e do amor.
Confortam-nos os momentos da morte e sepultamento, porque naquele instante caiu e rolou por terra o soberbo trono do orgulho, quebraram-se as amarras da injustiça, rasgaram-se os mantos da vaidade, resgataram a dignidade humana.
Alegra-nos a Aleluia da Ressurreição, que anuncia o triunfo da vida sobre a morte, a verdadeira glória que é a do amor ao Pai, o eterno mediante a paz tecida pela infinita bondade.
Os nossos louvores fazenda-novenses. Recebam, todos, a minha fraternal saudação na genuflexão da Fé em Deus e crença nos homens de boa vontade.
Roberto Pereira, professor e ex-secretário de Educação e Cultura de Pernambuco