OPINIÃO

"Lula vem expelindo gases populistas, e eu o tinha mais prudente"

Aparentemente, a simples composição com Alckmin deu-lhe a imunidade que queria para as estrepolias com a economia que vem anunciando, de resto, muito semelhantes às de Bolsonaro. Todavia, é claro que ele tem compromisso com as instituições e com a democracia, disso ninguém duvide, diferentemente do Messias.

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JOÃO HUMBERTO MARTORELLI

Publicado em 07/04/2022 às 8:37
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Os acontecimentos da semana já são quase iguais à chuva. Não tem mais jeito. Eles nos tomam quase de surpresa, mas, no momento seguinte imediato, passou, arquivados na caixa do normal. Estou enjoado. Náuseas. O drama de Dória, desistir, depois desistir de desistir, sob pretexto de estratégia política para garantir a indicação do partido. Ninguém disse que ali falta caráter. E o menininho bolsonarista de ocasião, que na época tentou convencer Dória a não aplicar a vacina, o tal do ridículo Eduardo Leite, correndo por fora. Que país pobre, assombrado, triste, estando nas mãos de oportunistas dessa categoria. Imaginem se um dos dois emplaca, catástrofe.

Não será pior, é certo, do que o ocupante atual do Planalto. Esse aumenta diariamente sua dívida com a república. Vejam essa história do presidente da Petrobrás. Demitiu-se o general por praticar a política de preços internacional, não pretendida pelo governo central, a qual, o preço de paridade internacional, sob a ótica técnica, é a mais correta. Assunto para outro momento. Quero focar aqui as novas indicações: primeiro, a de empresário e consultor para a presidência do conselho e para a presidência executiva, respectivamente. Quando a imprensa livre aponta os conflitos, porque ambos são envolvidos com um empresário que tem vultosos negócios com a Petrobrás, a resposta do energúmeno é que não o deixam trabalhar, que querem atrapalhar. Que coisa mais tosca, sem conteúdo, imbecil. Em ambiente republicano, é óbvio que o exercício de cargos públicos ou de empresas controladas pelo governo deve submeter-se ao crivo da ética e da eventual existência de conflitos. Tão simples, mas tão difícil para quem não entende a res publica nem com ela se importa.

Nunca, nem mesmo na época de Fernando Collor (outro desmazelo), o país se viu violado em suas bases éticas de forma tão profunda. Agora, o outro acontecimento da semana foi a agressão de Eduardo Bolsonaro à jornalista Miriam Leitão. Em artigo, ela defendeu que, entre Bolsonaro e Lula, melhor Lula, justificando até de maneira bem madura que Lula, pelo menos, tem compromisso com a democracia. Aliás, é o que penso também. Não imaginem que colho a ideia de Lula presidente novamente com a maior das alegrias, especialmente porque ele vem expelindo gases populistas, e eu o tinha mais prudente.

Aparentemente, a simples composição com Alckmin deu-lhe a imunidade que queria para as estrepolias com a economia que vem anunciando, de resto, muito semelhantes às de Bolsonaro. Todavia, é claro que ele tem compromisso com as instituições e com a democracia, disso ninguém duvide, diferentemente do Messias. Mas, voltando, o filho do presidente postou no Twitter, a propósito do artigo de Miriam Leitão, um chiste qualquer com a jiboia, a cobra que soltaram na cela da jornalista quando ela, grávida, foi presa e torturada pela ditadura. Desumano. Cruel. Repugnante. Se não pararmos essa gente, pereceremos como nação.

João Humberto Martorelli, advogado

 

 

 

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