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Saiba quantas pessoas já foram atingidas por rádio de pilha em estádios de Pernambuco

Tudo pode virar uma arma. Rádio, celular, sapato, chinelo, lata. Aqui em Pernambuco, até privada já se tornou arma. Tiraram as privadas do estádio? Não. Simplesmente porque não se tira privada do estádio

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Diogo Menezes

Publicado em 29/04/2022 às 8:33 | Atualizado em 29/04/2022 às 8:57
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Por Diogo Menezes

Meu caro leitor, esqueça. Você não vai saber, através desse texto, quantas pessoas foram feridas em Pernambuco depois de terem sido atingidas por radinhos de pilha arremessados da arquibancada, por um torcedor raivoso com jogador ou arbitragem.

Ou quantas queixas foram registradas na polícia de briga de torcedores em que um jogou rádios de pilha no outro.

E sabe por que você não vai saber? Porque essas estatísticas não existem. Ou, se existem, não foram divulgadas pela Secretaria de Defesa Social (SDS). Devem estar guardadas a sete chaves.

Engraçado isso. A repercussão da proibição do torcedor em entrar com rádio de pilha tem sido imensa. Exposição negativa do governo de Pernambuco. Se tem as estatísticas, é só divulgar. Mostra os números e a polêmica está encerrada.

Claro, não podemos negar que todo dia sai de casa um torcedor ávido por torcer por seu clube, mas também sai "torcedor" maldoso, com vontade de fazer o mal. O rádio pode se tornar uma arma? Sim, pode. Mas convenhamos, a possibilidade é mínima.

Tudo pode virar uma arma. Rádio, celular, sapato, chinelo, lata. Aqui em Pernambuco, até privada já se tornou arma. Tiraram as privadas do estádio? Não. Simplesmente porque não se tira privada do estádio.

Por aqui já não podia bandeira, charanga, instrumentos musicais. O que já era um negócio meio estranho, no mínimo. Vamos eliminar a cultura de um local porque não sabemos lidar com o torcedor maldoso que vai ao estádio. A gente não pode com o falso torcedor? Vamos punir todos os demais. Simples.

Parece ser mais fácil eliminar um potencial problema (no caso, um rádio) do que encarar o real problema: o torcedor bandido, aquele que sai pra fazer o mal. Aquele que comete um delito e que, no próximo jogo, está livre pra fazer arruaça de novo.

Sempre frequentei estádios de futebol. Desde pequeno. Acostumado a ouvir, ao pé do ouvido, no meu radinho de pilha, Adilson Couto, Roberto Queiroz, Aroldo Costa, Luiz Cavalcante, Ralph de Carvalho, Maciel Júnior. Posso ouvir mais não. Não no estádio.

"Ah, mas se você tá vendo o jogo, não precisa ouvir". Certo. Quantas pessoas assistem a um jogo na TV com o som desligado? Acredito que poucas, né? Mas se fica a dúvida, é bem simples: é só mostrar quantas pessoas assistem sem o som da TV.

E aí, SDS? Quantas pessoas já foram feridas por radinhos de pilha em Pernambuco?

Diogo Menezes, editor-executivo do JC

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