OPINIÃO

O cidadão tem o dever de conhecer a pessoa-candidata, a sua moral, seus programas e metas

Se entendermos a política como ciência, virtude e arte do bem comum, como a definiu Alceu Amoroso Lima, começamos a desenhar uma situação singularmente plural do homem todo e de todos os homens.

Imagem do autor
Cadastrado por

ROBERTO PEREIRA

Publicado em 04/05/2022 às 12:06 | Atualizado em 04/05/2022 às 12:08
Notícia
X

O homem, segundo Aristóteles, é um animal social e político. Tem por vocação a vida em agrupamentos. Na família, a sua primeira comunidade. Depois, na escola, uma (con)vivência fundamental à sua formação. A seguir, andando pelos caminhos dos seus arredores, aprende que esse conjunto se chama bairro. E que o conjunto de bairros se constitui numa cidade. As cidades, reunidas, formam os Estados, estes, por sua vez, os países. Uma cidade e as suas comunidades, urbana e rural, definem o município.

O homem aristotélico não pode e nem deve ser apenas um elemento no conjunto da sua comunidade. Ele se integra, mas assume compromissos e responsabilidades. Também começa a definir os seus espaços, a sua vontade, a sua vocação e a sua liberdade.
A participação do indivíduo, preenchidas as exigências para fazer parte do Estado como pessoa capaz de exercer os seus direitos e cumprir com as suas obrigações, define o cidadão. Desse exercício, de imensa dimensão, advém a cidadania, que não é o aleatório nos limites da Geografia, mas uma postura diante da comunidade, desde os grupos menores, a família e os bairros, até o agrupamento maior do universo humano, onde se incluem as comunidades nos espaços municipal, estadual e nacional.
A cidadania e a ética estão como num sistema de vasos comunicantes, uma não sobreleva a outra, já que a ética é o sustentáculo da sociedade; na sua ausência o caos se estabelece em detrimento dos valores humanos, gerando a barbárie, os desmandos, a chamada terra de ninguém. Pode existir uma política sem ética? A cultura sem a ética? A ética tem aptidões investigativas, estudos e análises comportamentais da moral, representando o elenco basilar às relações humanas.
A cidadania é o segundo dos cinco assentamentos da República, como consagra o art.1º de nossa Constituição Federal: “A República federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito federal, constitui-se em Estado democrático de direito e tem como fundamentos: I – a soberania; II – a cidadania; III – a dignidade da pessoa humana; IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V – o pluralismo político”.
Se entendermos a política como ciência, virtude e arte do bem comum, como a definiu Alceu Amoroso Lima, começamos a desenhar uma situação singularmente plural do homem todo e de todos os homens. Contudo, estejamos também atentos às ações não somente daqueles cujos nomes sufragamos nas urnas, mas, também, dos outros escolhidos para não ficarmos passivos assistindo à panaceia da corrupção com os recursos públicos, estes precisando chegar à ponta da linha para a geração dos benefícios sociais.
A Declaração dos Direitos do Homem, pouco lembrada, acentua no seu art.1º: “Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação aos outros com espírito de fraternidade”. Eis o homem na sua plenitude.
O voto é um testemunho à democracia. É, na urna, a linguagem da cidadania. Uma profissão de fé. O livre-arbítrio de quem pode escolher uns dentre tantos com a mesma postulação. Um ato de consciência. Ao cidadão, antes do voto, o dever de conhecer a pessoa-candidata, a sua moral, bem como os seus programas e metas, as suas ideias e os seus ideais. Esse conhecimento gera estudos e análises. Conversas e debates.
Pense e vote ungido pelos ditames da democracia e da liberdade. A Pátria agradece!


Roberto Pereira, Ex-secretário de Educação e Cultura de Pernambuco.

Tags

Autor