OPINIÃO

Nenhuma educação será possível para o povo brasileiro enquanto a classe política estiver no nível que a temos hoje

Porque os parlamentares e membros do executivo, de forma geral, não se elegem pelo voto de opinião, pela discussão de projetos, pela civilizada discussão dos grandes assuntos da nação, mas devem suas eleições aos grotões incultos e pobres, aos favores, à distribuição de dentaduras, muletas, cestas básicas, e dinheiro, muito dinheiro.

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JOÃO HUMBERTO MARTORELLI

Publicado em 05/05/2022 às 12:24 | Atualizado em 05/05/2022 às 12:28
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Desde sempre, tento fechar a equação, mas não consigo. Qual a reforma mais importante para o Brasil? Sei que o tema principal de qualquer reflexão sobre o país passa pela educação, base de tudo. É possível criar um sistema educacional consistente sem a prévia reforma política? Ou somente teremos uma classe política minimamente razoável após a reforma da educação? Eis o dilema.

Para ser mais claro: nenhuma educação será possível para o povo brasileiro enquanto a classe política estiver no nível que a temos hoje. Porque os parlamentares e membros do executivo, de forma geral, não se elegem pelo voto de opinião, pela discussão de projetos, pela civilizada discussão dos grandes assuntos da nação, mas devem suas eleições aos grotões incultos e pobres, aos favores, à distribuição de dentaduras, muletas, cestas básicas, e dinheiro, muito dinheiro. E os democratas ficamos num mato sem cachorro, porque não podemos menosprezar o voto da população inculta e pobre, em maioria, ao contrário, devemos respeitá-lo. Nosso dever é proporcionar-lhe acesso aos meios de formação (não digo informação, porque não quero abrir o assunto das redes sociais) clássicos, mas sobretudo aos conceitos de cidadania, urbanidade e civilização.

Porque, enfatizo, à classe política, não interessa educar o povo, mas dominar o povo com favores. Não é à toa que o governo atual deixou de lado a elaboração de qualquer política educacional, limitando-se a tratar dos costumes, e uma coisa nada tem a ver com a outra, submetendo-nos ao vexame, agravado pela pandemia, dos piores índices da história, com evasão recorde e ausência de atingimento de médias em praticamente todas as disciplinas. Não podemos esperar a reforma política, qualquer que seja ela, para cuidarmos da educação, ela não virá enquanto nosso povo não crescer, ele é que deve ditar a reforma política. Mas precisa de luz. E isso cabe à sociedade civil, mediante a articulação conjunta de entidades para pressionar o governo para implantação de políticas estruturantes.

O Todos pela Educação, organização sem fins lucrativos e suprapartidária, é um excelente exemplo para as demais, e tem projeto estruturado em 7 itens: 1 - aprimorar a organização federativa; 2 – realizar alterações nos mecanismos de financiamento da educação básica; 3 – oferecer apoio e incentivo às redes para a implementação do BNCC da educação infantil e do ensino fundamental; 4 – instituir política nacional de valorização e profissionalização docente; 5 – com base no Marco Legal da Primeira Infância, instituir política nacional que crie condições para viabilizar atendimento nacional e integrado de qualidade às crianças de 0 a 6 anos; 6 – redesenhar a política nacional de alfabetização; 7 – avançar as discussões e definições sobre a reorganização do ensino médio, mantendo a diversificação curricular, maior articulação da formação técnica. Nosso povo tem que nos livrar dos centrões e dos bolsonaros. Só pela educação.

João Humberto Martorelli, advogado

 

 

 

 

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